Alexandre Teixeira
Já ouviu falar de economias centrais e periféricas? E das diferenças entre elas? Pois bem, uma aula prática foi dada nesta quarta-feira. Diante do agravamento da crise e da desaceleração das economias, o Brasil mantém os juros onde estavam. Ou seja, no alto, como convém a um país da periferia. E os EUA cortam sua taxa básica, já baixinha, de acordo com o que se espera de uma economia central. Interrompendo a seqüência de altas iniciada em abril, o BC deixou a taxa brasileira em 13,75% ao ano, enquanto a americana caiu para 1%. Os juros reais no Brasil, isto é, descontada a inflação, estão em 7,9%, muito acima dos praticados mesmo pelos demais emergentes. Na Turquia, ex-campeã mundial de juros e eterna rival do Brasil nesta inglória categoria, a taxa real está em 5,1%. Na China, são só 2,2%.
Não vai aqui nenhuma crítica ao BC, que agiu com bom senso e fez bem ao interromper a alta da Selic. Assim como tem feito bem, e se destacado entre os bancos centrais do mundo todo, por manter-se firme no combate à inflação, enquanto a maioria de seus pares já jogaram a toalha.
O que a goleada de 13,75% a 1% evidencia é que os EUA (ainda) têm condições de fazer política monetária anti-cíclica, o que significa cortar juros para dar mais gás à economia, quando ela perde o fôlego. E o Brasil (ainda) não tem. Não porque o Fed seja melhor que o BC. Mas porque investidores do mundo todo acreditam que, nas horas de maior aperto, os EUA são o local mais seguro para “esconder” seu capital - ainda que a remuneração (os juros) seja irrisória. E acham que, neste mesmo momento, o ideal é manter distância do Brasil - mesmo que desperdiçando uma remuneração (juros) das mais atraentes.
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