Acusações envolvendo filho de Erenice Guerra são 'graves', diz PGR

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quarta-feira que são "graves" as denúncias de prática de lobby pelo filho de Erenice Guerra (Casa Civil), Israel Guerra.

Ele falou, no entanto, que ainda é "prematuro" ligar diretamente a ministra ao esquema. Gurgel pedirá ainda nesta quarta-feira para que a Polícia Federal envie tudo o que já reuniu de elementos no inquérito aberto para investigar o caso.

"As notícias apontam para fatos graves, mas não temos elementos nenhum ainda que aponte a responsabilidade se envolve ou não envolve a ministra", disse Roberto Gurgel.

Ele afirma que, enquanto não houver indícios suficientes para dizer que Erenice Guerra participava do suposto esquema de lobby organizado por seu filho, o caso será investigado pela Procuradoria da República do Distrito Federal.

Para ele, o primeiro passo a ser tomado é ouvir todos aqueles que já foram citados em reportagens para que prestem depoimento. "Temos que fazer apuração preliminar dos fatos para ver se tem elementos mínimos que justifiquem que a ministra seja ouvida", afirmou.

Roberto Gurgel também diz que o Ministério Público não será utilizado como instrumento eleitoral e que agirá com equilíbrio e imparcialidade."O MP tem essa preocupação de não virar instrumento de campanha, falando bem claro, nem da campanha da ministra Dilma nem da campanha do governador Serra", finalizou.

Polícia Federal

Ontem, o ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça) afirmou que a Polícia Federal irá investigar o caso que envolve denúncias de lobby na Casa Civil. A PF vai apurar se a participação de advogados, empresas e de Israel Guerra constitui tráfico de influência. Por ocupar cargo de ministra, Erenice só poderá ser investigada com autorização do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Ela não está diretamente envolvida nos fatos... A PF, a partir de agora, vai abrir um inquérito e fazer uma investigação ampla", afirmou o ministro, destacando que a investigação não diz respeito a Erenice. "Ela não está diretamente envolvida nos fatos que foram narrados", afirmou.

"A investigação inicial diz respeito a tráfico de influência em eventual ações junto à empresa MTA, junto à liberação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) a fim de verificar se houve tráfico de influência", disse ainda.

As denúncias apresentadas apontam que a ministra teria atuado para viabilizar negócios nos Correios intermediados por uma empresa de consultoria de propriedade de Israel Guerra. Segundo a denúncia, Israel Guerra e a empresa Capital Assessoria e Consultoria Empresarial, à qual é ligado, fizeram lobby para ajudar a MTA a obter a renovação de uma concessão da Anac.

Empresa MTA nega relações com Erenice Guerra e seu filho

A empresa MTA (Máster Top Linhas Aéreas) afirmou nesta quarta-feira que nunca teve relações "comerciais" com a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, e seu filho Israel Guerra, apontado como lobista que atua no governo federal.

A nota foi divulgada após a revista "Veja" publicar reportagem afirmando que a empresa contratou consultoria do filho da ministra para conseguir contratos com o governo.

Em nota, a MTA diz que todos os contratos foram feitos mediante licitação e com o menor preço na disputa. "A empresa nunca teve qualquer tipo de relação comercial ou negocial com o Israel Guerra, tampouco com a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra", diz o texto.


"Todos os contratos firmados entre com os Correios resultaram de processos licitatórios regulares e transparentes, nos termos das leis", afirma a MTA.

A empresa diz ainda que Fábio Baracat não pertence aos quadros da empresa. Ele é um consultor que, segundo a revista Veja, representou a empresa nos encontros com a ministra e seu filho Israel Guerra. "Ao contrário do afirmado em reportagem da revista Veja, Fábio Baracat nunca foi sócio, funcionário ou administrador da empresa".

O atual diretor de operações dos Correios, Eduardo Arthur Rodrigues da Silva, disse à Folha que a empresa de Israel Guerra foi contratada para "agilizar" a tramitação de processos da MTA na Anac. Ele assina a procuração com a renovação da concessão de transporte aéreo dada pelo órgão.

Segundo a MTA, Rodrigues não é funcionário da empresa, mas "prestou serviços de consultoria aeronáutica". A companhia afirma que os contratos com os Correios foram firmados antes de Rodrigues se tornar diretor da estatal.

Fonte: FOLHA / Felipe Seligman

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