"Sanções da ONU vão direto para o lixo", diz Ahmadinejad

Autoridades iranianas ainda afirmam que medidas não interromperão programa nuclear


Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em Istanbul; hoje, no Tadjiquistão, ele condenou a quarta rodada de sanções aprovada contra o Irã/Bulent Kilic/AFP

Em resposta à aprovação de uma nova rodada de punições contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU, o presidente da República Islâmica, Mahmoud Ahmadinejad, disse que as sanções são "sem valor algum" e "devem ir direto para a lata do lixo, como um lenço usado".

"Estas resoluções não valem um centavo para a nação iraniana", declarou Ahmadinejad à agência estatal Irna, no Tadjiquistão.

A quarta rodada de sanções aprovada nesta quarta-feira por 12 votos a favor, dois contra (Brasil e Turquia) e uma abstenção, do Líbano, deve isolar ainda mais o país do restante da comunidade internacional, disse o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao comentar o resultado.

Ainda reagindo ao anúncio das novas sanções, o governo iraniano afirmou que não irá suspender as atividades de enriquecimento de urânio, mesmo com as novas punições.


"Nada vai mudar. A República Islâmica do Irã vai manter suas atividades de enriquecimento de urânio", disse Ali Asghar Soltanieh, enviado do Irã na AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), com sede em Viena, logo depois da aprovação da medida na ONU, em Nova York.

Anteriormente, o Irã já havia rejeitado a aprovação do pacote de sanções, dizendo que a medida é "errada" e deve piorar a crise, de acordo com a rede de TV iraniana Al Alam.

"A resolução foi uma medida errada (...), não é um passo construtivo para resolver a questão nuclear. Isso tornará a situação mais complicada", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, logo após a aprovação.

O documento foi aprovado nesta quarta-feira pelo Conselho de Segurança com 12 votos a favor, apesar de Brasil e Turquia votarem contra a resolução.

Na abertura da sessão, que começou com mais de uma hora de atraso, às 12h15 (horário de Brasília), a embaixadora brasileira da ONU, Maria Luiza Viotti, afirmou que, "na nossa visão", a resolução "atrasará, em vez de acelerar, uma solução para a questão".

O Líbano se absteve de votar. Os outros 12 países do Conselho de Segurança foram favoráveis, aprovando a quarta rodada de sanções contra o Irã desde 2006.

As novas sanções devem vetar investimentos exteriores iranianos em atividades e instalações relacionadas com a produção de urânio, serão estabelecidas restrições na venda de armas convencionais ao Irã. Além disso, o país será proibido de fabricar mísseis balísticos com capacidade de carregar ogivas nucleares.

Também deve haver novas restrições às operações financeiras e comerciais com o Irã, além do reforço do regime de inspeções das cargas dos navios e aviões iranianos para evitar que burlem o embargo internacional.

Isolamento

Após o resultado da votação dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou que a República Islâmica deve ficar mais cada vez mais isolada enquanto o governo iraniano "seguir ignorando" as regras internacionais do TNP.

Em pronunciamento em Washington, o presidente americano deixou claro que a aprovação do novo pacote de sanções -- defendido e impulsionado em grande parte pelos Estados Unidos -- "não fecha a porta da diplomacia" entre o Ocidente e Teerã, mas demonstra que toda "ação tem consequências" e nesta quarta-feira o governo do Irã "sofre as consequências" de suas atitudes.

Os EUA consideram que o Irã coloca em risco a segurança regional do Oriente Médio, criando tensões com seus vizinhos, declarando ameaças -- numa clara referência a Israel -- "patrocinando grupos terroristas", e dando prosseguimento ao seu polêmico programa nuclear.

"O governo do Irã precisa entender que a segurança de seu povo não será garantida por meio de seu programa nuclear", disse Obama.

"O aumento de tensão no Oriente Médio não é do interesse de ninguém", disse Obama, mas o Irã "precisa entender" que com direitos vêm obrigações, e que Teerã deve respeitar os tratados internacionais sobre a produção e utilização de energia nuclear.

Barack Obama defendeu a implementação das novas sanções -- as mais restritivas já aplicadas ao Irã -- dizendo que Teerã "não conseguiu provar à comunidade internacional" que seu programa nuclear tem fins pacíficos.

Mais cedo, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, chegou a afirmar que as sanções contra a República Islâmica seriam "ineficazes", citando como exemplo a Coreia do Norte, que anunciou o total funcionamento de seu programa nuclear mesmo após as punições recebidas pela ONU.

Em resposta, Obama disse que os EUA "sabem que o Irã não mudará seu comportamento de um dia para o outro", e que a comunidade internacional deve manter as portas da diplomacia abertas.

Fontes: FOLHA - Agências

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