Conselho de Segurança da ONU aprova quarta rodada de sanções contra o Irã

Medidas receberam 12 votos a favor e apenas três contra

NOVA YORK - O Conselho de Segurança da Organização das das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta quarta-feira, 9, uma nova resolução que impõe sanções ao Irã por conta do controvertido programa nuclear deste país.

"O Conselho assumiu suas responsabilidades. Agora o Irã deve escolher um caminho mais sábio", disse a representante americana no Conselho, Susan Rice. Os EUA foram o país que mais pressionou pela aplicação da resolução no Conselho.

O pacote de sanções aprovado pelo Conselho é o quarto aplicado contra o Irã. As medidas são uma resposta do órgão à resistência da República Islâmica em paralisar seu programa nuclear e à falta de cooperação do país com as investigações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A nova resolução prevê restrições contra a Guarda Revolucionária do Irã, o sistema de mísseis do país e o congelamento de investimentos ligados ao enriquecimento de urânio. Todos os carregamentos de exportação com o Irã como destino também serão submetidos a uma fiscalização masi rigorosa.

Reunião do Conselho de Segurança nesta quarta-feira (9). (Foto: Reuters)

Votos

Dos 15 membros do órgão, 12 votaram a favor das medidas. Apenas Brasil, Turquia e Líbano deram pareceres contraa resolução. Nenhum dos membros permanentes do Conselho - Rússia, China, EUA, França e Reino Unido - votou contra.

Os embaixadores do Brasil e da Turquia no Conselho de Segurança pediram que o órgão votasse contra as sanções ao Irã, mas os esforços foram em vão. A embaixadora brasileira, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse aos outros membros que o Brasil "não vê as sanções como uma meio efetivo" no caso do Irã.

A votação estava marcada para às 11 horas, mas foi atrasada porque Brasil e Turquia procuram saber de instruções de suas capitais sobre seus votos. Os dois países, junto do Líbano, deixaram claro que dificilmente apoiariam a rodada de sanções contra Teerã.

O Líbano indicou aos seus companheiro de conselho que iria provavelmente se abster pelo fato de que o grupo militante libanês apoiado pelo Irã, Hezbollah, está em seu governo, disseram diplomatas. Brasil e Turquia, entretanto, podem se abster ou votar contra a resolução, eles acrescentaram.

Ancara e Brasília disseram que um acordo de troca nuclear que eles obtiveram no Irã no mês passado fez com quem futuras sanções contra a República Islâmica do Irã fossem desnecessárias.

As Medidas

A lista negra do rascunho das sanções inclui 41 instituições além do diretor de um centro nuclear iraniano, Javad Rahiqi, segundo fontes diplomáticas.

Aqueles incluídos na lista negra da ONU por laços suspeitos com os programas nuclear e de mísseis do Irã podem enfrentar limitações em viagens internacionais e congelamento de bens.

O esboço da resolução foi resultado de meses de conversas entre Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia. As quatro potências queriam medidas mais duras, mas China e Rússia trabalharam para suavizar as propostas.

Tradicional aliada dos iranianos, a Rússia concordou em aplicar as sanções depois que as potências ocidentais excluíram as vendas de mísseis russos S-300 ao Irã do pacote. As sanções também não afetam as exportações do petróleo iraniano para a China, o que facilitou a adesão dos chineses.

As medidas contra o Irã incluem, segundo fontes diplomáticas:

- Limitação das transações bancárias de instituições iranianas no exterior;

- Vigilância sobre transações de bancos iranianos, inclusive do Banco Central;

- Embargo ao comércio de armas com Irã;

- Restrições a pessoas, empresas e entidades ligadas à Guarda Revolucionária.

A discussão sobre as sanções começou um dia após o Irã assinar, em 17 de maio, um acordo para enriquecer combustível nuclear em território turco. O pacto foi costurado por Brasil e Turquia, baseado nas propostas feitas originalmente pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), da ONU.

Nesta quarta-feira, fontes diplomáticas disseram que os Estados Unidos, a França e a Rússia enviaram correspondência à AIEA rejeitando o acordo costurado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro-ministro turco, Racep Tayyip Erdogan, e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

Embaixadora brasileira faz comparação com o Iraque

A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, vota contra a resolução do Conselho de Segurança da ONU/Emmanuel Dunan/AFP

A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, fez um discurso momentos antes da votação e justificou a posição contrária do país ao pacote de medidas.

Ela disse que o país não vê as sanções como um instrumento adequado para lidar com o Irã.

- Experiências passadas, notadamente no caso [da guerra] do Iraque, mostram que o isolamento não pode resolver problemas.

A comparação com o Iraque tem sido frequentemente usada pela diplomacia brasileira para se referir ao caso do Irã. No episódio iraquiano, o então líder Saddam Hussein foi acusado de desenvolver armas químicas antes da invasão liderada pelos EUA, em 2003. Mas isso nunca foi comprovado.

Já o Irã nega as acusações de que seu programa nuclear está sendo usado para desenvolver armas nucleares, como alegam as potências ocidentais.

A diplomata brasileira defendeu ainda o direito do Irã a um programa nuclear civil. E afirmou que o acordo entre Brasil, Turquia e Irã é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.

A embaixadora americana Susan Rice, que discursou após a votação, reconheceu os esforços de Brasil e Turquia. Disse que as portas para a negociação não estão fechadas. E afirmou que o Irã tem, sim, direitos, mas também precisa cumprir suas obrigações perante a comunidade internacional.

Ela firmou que foi o governo do Irã quem escolheu colocar o país no caminho do isolamento. E defendeu a punição.


- Essas sanções não são dirigidas ao povo iraniano (...). Essas sanções são duras, inteligentes e precisas.



Fontes: O ESTADO- R7- G1 - TV Globo - Agências

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