A Bélgica despertou nesta segunda-feira ainda mais dividida e imersa na incerteza após a histórica vitória do partido nacionalista flamengo (N-VA), partidário da independência de Flandres, em um momento de grande crise econômica e a menos de três semanas de assumir a Presidência rotativa da União Europeia (UE).
As eleições gerais antecipadas realizadas ontem confirmaram a vitória no norte do país da direita nacionalista (N-VA), que conseguiu 27 cadeiras na Câmara, de um total de 150, enquanto na Valônia (sul francófono) o Partido Socialista (PS) tenha alcançado o primeiro lugar (obteria 26 cadeiras na Câmara federal, 6 mais que agora).
Os "grandes perdedores" destas eleições foram os liberais tanto flamengos (Open VLD) como francófonos (MR), que viram retroceder suas posições em todo o país e provavelmente ficarão fora da futura coalizão governamental.
As pesquisas já tinham antecipado a divisão de forças políticas no país, embora não o espetacular avanço dos conservadores nacionalistas (N-VA) em Flandres, que surpreendeu inclusive a própria legenda.
A imprensa belgas fala hoje do "tsunami" provocado pela vitória do N-VA para descrever o efeito quanto menos inquietante deste resultado de cara ao futuro e à unidade do país.
No entanto, o líder do N-VA, Bart De Wever, suavizou seu discurso de maneira imediata ao conhecer os primeiros resultados ontem e assegurou que a divisão da Bélgica não é algo que vá ocorrer em um dia, mas se precisa de uma evolução.
Mapa da Europa com a Bélgica destacada em verde escuro/Wikipedia
Coalizão
De Wever se mostrou decidido a formar primeiro uma coalizão dentro de Flandres e, em seguida, a negociar com os partidos francófonos do sul e quis tomar distância claramente do partido ultradireitista e separatista flamengo Vlaams Belang (VB).
"Atrever-se a mudar é avançar juntos", disse De Wever, destacando que não tem interesse em assumir o cargo de primeiro-ministro, mas em levar adiante seu programa político.
Da Valônia (sul francófono do país), as afirmações de De Wever causam certo receio a uma classe política acostumada a exercer uma dura oposição, embora sejam muitas as vozes que repitam com esperança o provérbio "os opostos se atraem" para ilustrar a possibilidade que nacionalistas flamengos e socialistas francófonos cheguem a se entender.
"Uma parte importante dos flamengos deseja que nosso país avance. Essa mensagem deve ser escutada", afirmou o líder socialista francófono, Elio di Rupo, durante seu discurso de agradecimento a seus eleitores.
Com a ascensão de inesperada magnitude do N-VA, ninguém parece perder de vista que ela supõe uma mudança de rumo que talvez rompa o bloqueio político dos últimos anos.
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