Incêndio de prédio durante protestos antipacote na Grécia deixa 3 mortos

Manifestantes e policiais confrontaram-se na capital, Atenas. País faz greve geral contra medidas de austeridade impostas pelo governo.

Manifestantes protestam em frente ao Parlamento da Grécia nesta quarta-feira (5). (Foto: Yiorgos Karahalis/Reuters)

Três pessoas morreram no incêndio de um prédio em que fica uma agência bancária nesta quarta-feira (5) durante protestos no centro de Atenas, segundo a polícia e os bombeiros. Havia 20 pessoas no local.

Mais cedo, a polícia havia lançado gás lacrimogêneo contra um grupo de jovens que teria tentado romper um bloqueio policial em frente ao parlamento do pais.

Os manifestantes protestam contra o pacote de austeridade anunciado pelo governo no sábado.

Dezenas de jovens jogaram coquetéis molotov contra as vitrines de lojas e bancos, o que provocou vários pontos de incêndio. Os jovens destruíram vitrines das lojas e as marquises dos pontos de ônibus com barras de ferro, em locais sem a presença da polícia.

A Grécia amanheceu praticamente paralisada por uma greve geral, a terceira desde fevereiro, convocada pelos sindicatos.

O plano de austeridade foi imposto pelo governo socialista de Giorgos Papandreou em troca de uma ajuda financeira da União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os transportes aéreos, marítimos e ferroviários estão parados, a maioria das escolas e administrações públicas fechadas.

Manifestante encara policiais diante do Parlamento da Grécia nesta quarta-feira (5). (Foto: AP)

Os bancos e as grandes empresas do setor público funcionam com poucos funcionários e os hospitais garantem apenas os serviços de emergência.

A greve inclui a imprensa, com os serviços jornalísticos de rádios, TVs e jornais interrompidos.

O transporte urbano de Atenas funcionou com horário restrito para permitir a chegada dos manifestantes aos locais dos protestos convocados pelos sindicatos nocentro da cidade.


Temor de contágio derruba o euro

Os protestos na Grécia contra o pacote de medidas do governo para garantir assistência financeira ao país se intensificam nesta quarta-feira. O temor de que uma crise como a grega possa se espalhar pelos demais países da União Europeia provoca queda nas bolsas e desvalorização do euro. No momento, Espanha e Portugal são os principais motivos de preocupação.

"Quem será o próximo" é a questão pairando sobre os mercados, que não se convenceram de que o pacote de resgate recorde de 110 bilhões de euros da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) à Grécia impedirá que seus problemas econômicos se espalhem para outras nações vulneráveis da zona do euro, como Espanha e Portugal.

"Sempre há risco de contágio", disse o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn. "Portugal foi mencionado, mas já está tomando medidas, e outros países estão em uma situação muito mais sólida. Nós temos de ter sucesso em evitar o contágio... mas nós devemos continuar vigilantes", disse Strauss-Kahn ao jornal francês Le Parisien. "Não há risco real para a França, Alemanha, ou outros grandes países europeus", completou.

No mercado asiático, somente a China reverteu a tendência de queda generalizada nesta quarta-feira. Não houve negociações no Japão, Coreia do Sul e Tailândia por ser feriado.

Na Bolsa de Hong Kong, o mercado estendeu as perdas e terminou na maior baixa em 10 semanas, seguindo o declínio em Wall Street por preocupações de mais medidas de aperto por parte de Pequim e a capacidade da União Europeia de conter a crise da dívida grega, embora a recuperação chinesa tenha ajudado a mitigar as perdas na sessão da tarde. O índice Hang Seng caiu 2,1% e fechou aos 20.327,54 pontos - menor nível desde 19 de fevereiro.

O ministro das Finanças finlandês, Jyrki Katainen, disse a uma rede de televisão local: "Nossas economias estão tão ligadas que o risco de que os problemas se espalhem de um país para outro é muito alto". O euro caia ao menor valor em um ano, a 1,2936 dólar, na manhã desta quarta.

"O que nós estamos vendo hoje é um efeito de contágio financeiro muito clássico", disse Sebastian Barbe, chefe de estratégia para mercados emergentes do Crédit Agricole, em Hong Kong. "Isso é porque o mercado ainda está operando em alguns problemas de dívida soberana fora da Europa, e, para o curto prazo, isso pode continuar por algum tempo."


Fontes: G1 - TV Globo - Agências - VEJA - O ESTADO - Reuters

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails