Viradouro é a quarta a desfilar neste domingo (14). Escola tem enredo que aborda desde Frida Kahlo a Chapolin.
Atriz Anne Lira participa do desfile da Viradouro no sambódromo do Rio /FOLHA
A Viradouro é a quarta escola a desfilar nesta primeira noite de desfiles no Rio de Janeiro, com o enredo "México - paraíso das cores, sob o signo do sol". A escolha do país se deu pela identificação com as cores e alegria, semelhantes às da agremiação. O desfile começou à 1h36 desta segunda-feira (15).
A escola apresenta o enredo dividido em nove carros alegóricos e 34 alas. São cerca de 4 mil componentes no desfile. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Robson e Ana Paula, abre a Avenida para a apresentação da escola.
Diego Rivera, Frida Kahlo, Emiliano Zapata e Virgem de Guadalupe são alguns dos personagens que ajudam a montar o retrato do México. Chaves e Chapolim aparecem como as figuras divertidas e caricatas para ajudar a dar a cara do povo mexicano, simbolizando sua animação e alegria, muito parecidas com as do Brasil.
O ator Marcos Oliveira, o Beiçola de "A Grande Família", encarna o pintor Diego Rivera, um dos maiores nomes da arte mexicana. Marcos é destaque no abre-alas da escola, que mostra a explosão de cores do país latino.
A Justiça autorizou a filha do presidente da Viradouro, Marco Lira, a desfilar como rainha de bateria da escola. A menina Júlia de Souza Lira, de 7 anos, vem à frente da bateria com uma saia e um top, com plumas roxas e detalhes em prata. A fantasia representa o "tesouro dos piratas.
"Durante o desfile, a gente faz uma alusão a uma imagem de qualquer um que poderia ser crente na fé da Virgem de Guadalupe. Não vai causar repercussão porque nós temos muito cuidado com isso e você vai ver na avenida uma silhueta, um perfil feminino, que poderia estar ligado a qualquer crença, a qualquer tipo de ideologia e de fé", afirmou o carnavalesco da escola, Júnior Schall.
A menina Júlia Lira, 7 anos, filha do presidente da agremiação, Marco Lira, foi coroada ao posto que já foi da modelo Luma de Oliveira e da atriz Juliana Paes após ter seu desempenho testado no ensaio da escola em todo o trajeto da avenida. Sondada para ocupar a vaga à frente dos ritmistas da escola de Niterói, a cantora e atriz mexicana Thalia exigiu um jatinho para trazer seu staff, incluindo dez seguranças, além de hospedagem num hotel de luxo da zona sul carioca, e acabou perdendo a vaga de rainha.
"Ela [Júlia Lira] está adorando a ideia. A roupa dela está sendo vista com muito cuidado, muito carinho. Na avenida, ela faz um canto de amor a sua escola", afirmou Schall.
A homenagem ao México é feita em 34 alas, com um total de aproximadamente 3.700 componentes. Robson e Ana Paula formam o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, que representam o quinto sol, que abre caminho para o desfile.
"Segundo a crença dos maias, havia vários sóis, cada um deles com uma era e com um atributo. O quinto sol nos traz o calor que sentimos hoje, que é o calor da vida. É considerado o sol da boa nova, da prosperidade e da bonança. Um sol radiante de beleza, de calor e de força", disse o carnavalesco da vermelho e branco.
Rainha de bateria, Julia Lira, 7, filha do presidente da Viradouro, chora na concentração, antes do desfile
Enredo
A escola apresentou o enredo dividido em nove carros, sendo o primeiro acoplado. Segundo os carnavalescos Júnior Schall e Edson Pereira a escolha do México se deu pela identificação da agremiação com as cores e a alegria do país.
"Tínhamos outras opções, mas estava toda aquela onda de gripe suína, de desprestígio em relação ao México. Logo, a gente pensou que esse desprestígio poderia se reverter em um grande conteúdo estético e cultural. Pesquisamos vários enredos e quando fizemos um levantamento sobre o México nós percebemos que daria não só um, mais uma série de enredos maravilhosamente ricos", afirmou Schall.
De acordo com o carnavalesco, o desfile começou com a retratação de Frida Kahlo e Diego Rivera, considerados os dois maiores expoentes da arte no país. O ator Marcos Oliveira, o Beiçola da série "A Grande Família", da TV Globo, representou Rivera.
"A primeira parte do carro abre-alas retrata a criação do homem pela paleta do Rivera ambientado no cenário europeu, mas ao invés de ter aquela coisa romana, grega, de beleza idealizada, tem o traço grosso, rústico, tem aparência áspera do mexicano trabalhador. A gente se baseia em 1922, quando Rivera volta da Europa e pinta um mural que se chama "A criação", com vários traços da pintura europeia, mas com toda ilustração do mestiço, do miscigenado", disse o carnavalesco.
Sobre a comissão de frente, Schall afirmou que o coreógrafo Sérgio Lobato realizaria o trabalho mais versátil de sua carreira. "A apresentação vai exigir mais a parte teatral dele [Lobato].
A segunda parte do abre-alas é a invasão do estúdio de artistas como Rivera e Frida Kahlo. "Nessa fase, eles pintam a pós-revolução e a independência", disse o carnavalesco.
Depois, a escola apresentou as civilizações pré-colombianas, os maias e os astecas. "A primeira ideia era começar o desfile com esses povos, mas a gente se deparou com uma coisa que já passou na avenida. É sempre bom passar de novo porque é a nossa versão da passagem, mas a gente resolveu falar de Rivera e Frida no início, trazer pela paleta dele as cores que vão desenhar o restante do enredo", disse Schall.
Nos setores seguintes, a agremiação foi ao Caribe para tratar dos piratas e a busca pelas riquezas, além de apresentar a invasão espanhola. "Como se deu a invasão, a chegada de Hernán Cortés e como foi sua recepção. Logo depois, passamos o retrato de um povo animado com sua culinária, seus aromas, suas festas, seu artesanato e vamos aproveitar para fazer um comparativo com a festividade do povo brasileiro", afirmou.
No sétimo setor, a escola mostrou a festa do Dia de Finados do povo mexicano, que foi observada não por ser uma festa de mortos, mas de renascimento e de vida. O oitavo e último setor faz uma homenagem a fé do povo mexicano.
"Eles são fervorosamente católicos, mas nós não podemos falar de igreja. Lá, por exemplo, a festa dos mortos é uma festa de cunho religioso ecumênico. No final do desfile, vamos mostrar uma silhueta feminina, sem detalhamento de boca, de olhos, apenas que tenha sensualidade no melhor sentido, apenas aquele aspecto feminino que nos ilustra essa figura que depositam fé e força", disse o carnavalesco.
Fontes: G1- TV Globo - FOLHA


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