Ocupantes de navio que afundou no Rio esperaram 40 horas por socorro no mar

Os 64 ocupantes do navio veleiro canadense "Concórdia" passaram cerca de 40 horas em alto-mar.

O barco naufragou na tarde da última quarta-feira (17) a cerca de 500 km do litoral do Rio de Janeiro.

Os tripulantes ficaram dentro de balsas salva-vidas, à espera de socorro, sob frio intenso e ondas altas, de acordo com cinco estudantes do Canadá que estavam a bordo da embarcação, que saiu no último dia 8 de Recife.

Treze pessoas do navio foram resgatadas e desembarcaram na base naval da Ilha de Mocanguê, em Niterói, por volta das 10h55 deste sábado (20) em uma fragata. O restante do grupo deverá chegar no mesmo local ainda nesta tarde, em dois navios mercantes.

O "Concórdia" trazia estudantes da instituição de ensino canadense West Island College International, que promove as aulas com os jovens embarcados.

Entre os alunos havia canadenses, alemães, norte-americanos, australianos, chineses, poloneses e mexicanos. O barco tinha previsão de desembarcar no próximo dia 23, em Montevidéu, no Uruguai.

(Foto: College Class Afloat / Reprodução)

Lauren Unsworth, de 16 anos, estava no navio e disse que os jovens receberam treino para lidar com situações de risco:

- Tivemos o maior sentimento do mundo quando vimos um avião sobrevoando o local. Tínhamos treinamento para perigo em alto-mar, e nosso instinto de sobrevivência fez com que nós nos salvássemos.

Aula de biologia

A jovem afirmou que, quando houve o naufrágio, os estudantes assistiam a uma aula de biologia. Nesse momento eles perceberam que o navio estava virando, e a tripulação já ocupava a área externa da embarcação.


- O navio ficou de lado e as janelas quebraram. Tivemos que escalar uma parede, vestir os coletes de salva-vidas e entrar nas balsas. Mas foi difícil, porque uma das balsas estava presa e não queria se soltar. Quando conseguimos entrar no barco, estava muito frio, havia ondas altas e chovia forte.

Keaton Jane Farwell, 17, que é canadense mas mora na Holanda, afirmou ter temido pelo pior:

- O sinalizador de socorro não funcionava e estávamos perdidos no mar. Choramos de alegria quando vimos os aviões sobrevoando o local . É muito difícil descrever a emoção.

Ela disse que, após a chegada dos aviões, um navio mercante vindo do Japão, com tripulação das Filipinas, resgatou o grupo. A estudante agradeceu o apoio:

- Eles foram muito gentis. Emprestaram roupas para a gente e lavaram a nossa.

Outra garota no navio, Olivia Aftergood, de 16 anos, lembrou sobre o período em que passou dentro das balsas:

- Tínhamos comida e água. Mas não podíamos consumir tudo de uma vez porque não sabíamos quanto tempo ficaríamos no mar. Lembro-me que duas pessoas ficavam acordadas o tempo todo para retirar água das balsas e perceber a aproximação de equipes de resgate.

Sem abandonar o mar

Katharine Irwin, também estudante e da mesma idade, contou que, apesar da situação difícil em que passaram, não pretende abandonar a vida no mar.

- Já temos muitas experiências. Fizemos relações aqui muito fortes e não vai ter problema para voltar ao mar.

Segundo informações da Embaixada do Canadá, os canadenses que estavam no navio deverão embarcar na noite deste domingo (21) para o seu país.

Funcionários do Consulado no Rio e da PF (Polícia Federal) estão tratando da documentação dos jovens, que foi perdida durante o naufrágio.



Fontes: R7 - TV Record

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