Influência de Cuba divide venezuelanos

Após Chávez nomear cubano czar do apagão, oposição critica interferência no governo e nas Forças Armadas

COMANDO - Chávez conduz reunião com ministros no Palácio Miraflores: há 60 mil cubanos na Venezuela

O convite feito pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, para que o veterano comandante da Revolução Cubana Ramiro Valdés seja o novo "czar do apagão" na Venezuela desatou ontem uma enxurrada de críticas e protestos no país. O convite é feito num momento em que a presença cubana em setores da administração pública, do governo e até das Forças Armadas venezuelanas está em evidência e se tornou o centro de um amplo debate no país.

Valdés, que é ministro de Informática e Telecomunicações em Cuba, estará, na Venezuela, à frente de uma comissão técnica para resolver o problema da crise energética. Nos últimos meses, o governo Chávez está adotando em diversas regiões da Venezuela uma política de racionamento que inclui cortes de eletricidade de até oito horas.

"Não dá para entender como o ministro de um país onde os apagões são crônicos há muitos anos contribuirá para a solução do problema na Venezuela", disse ao Estado o cientista político venezuelano Omar Noria, da Universidade Simon Bolívar. "A vinda de Valdés não faz sentido e é natural que cause desconfiança." Ainda mais em um momento de grandes animosidades políticas, no qual os estudantes têm saído às ruas para protestar contra a falta de energia e a suspensão das transmissões da TV a cabo RCTV.

"A chegada de Valdés na realidade servirá para reforçar o aparato repressivo", alertava ontem o jornal El Universal, de Caracas, citando o jornalista independente cubano Guillermo Fariñas, que conheceu Valdés quando ele chefiava a polícia secreta da ilha.


"Ele seria a pessoa certa para garantir, do ponto de vista repressivo, a estabilidade do governo", opinou Fariñas. "O convite é uma ofensa para os venezuelanos, em particular para os profissionais da área", acrescentou o presidente do Colégio de Engenheiros da Venezuela, Enzo Betancourt.

Chávez nunca escondeu sua admiração por Cuba e pelo modelo de socialismo adotado pelo regime de Fidel Castro, mas a presença de cubanos na Venezuela muitas vezes incomoda os próprios chavistas. Têm circulado no país, por exemplo, rumores de que o motivo da renúncia do coronel Ramón Carrizález ao ministério da Defesa e à vice-presidência, na semana passada, estaria relacionada ao seu descontentamento com os planos de Chávez de colocar generais cubanos em altos postos das Forças Armadas venezuelanas.

"Se os boatos forem confirmados serão um indício de que o presidente desconfia de alguns militares - e a função dos cubanos seria ficar de olho neles", opina a analista política Francine Jácome, do Instituto Venezuelano de Estudos Sociais e Políticos, explicando que o novo código das Forças Armadas venezuelanas de fato abre a possibilidade de inclusão de estrangeiros em sua cúpula.

Pelo mesmo código, os militares venezuelanos também foram obrigados a adotar o lema "Pátria, Socialismo ou Morte" - segundo a oposição, mais uma prova da "ideologização" das forças de segurança do país. Além disso, os cubanos participam do treinamento de venezuelanos, principalmente das milícias bolivarianas.

BAIRRO ADENTRO

Segundo dados não oficiais, hoje há cerca de 60 mil cubanos na Venezuela. Desses, 30 mil são médicos e profissionais da área de saúde que trabalham em pequenos hospitais e postos da periferia dos centros urbanos, nas chamadas missões Bairro Adentro. As missões são bem-vistas pela população mais pobre, mas têm enfrentando uma série de dificuldades.

Há, por exemplo, centenas de médicos cubanos que aproveitam a relativa liberdade experimentada na Venezuela para fugir para os EUA pela fronteira com a Colômbia e o Brasil ou, cada vez mais, subornado os funcionários do aeroporto internacional de Maiquetia, em Caracas.

Outra parceria polêmica diz respeito à participação dos cubanos na montagem e operação dos serviços de registro comercial e civil. "Há uma grande cooperação entre os serviços de inteligência da Venezuela e de Cuba", afirma Noria. "O medo de parte da população é que os cubanos estejam usando esses registros para estabelecer um sistema de controle e vigilância que possa ser usado pelo governo venezuelano."

O analista explica que boa parte da população venezuelana tem pavor de que o país siga pelo caminho de Cuba, das liberdades suprimidas e escassez generalizada de produtos básicos. Num país consumista como a Venezuela, é natural que até chavistas se ressintam ao ver Chávez elogiar Fidel Castro.


PRESENÇA CUBANA


Demográfica - Segundo números extraoficiais, há cerca de 60 mil cubanos na Venezuela


Saúde - 30 mil médicos cubanos trabalham em postos de saúde nas favelas da Missão Bairro Adentro. A Venezuela paga com 100 mil barris de petróleo diários

Forças Armadas - Cubanos treinam venezuelanos. Segundo rumores, Chávez queria incluir generais cubanos na cúpula militar


Registros - Cuba dá apoio técnico para a operação de registros comerciais e civis. Para oposição, trata-se de espionagem


Fontes: O ESTADO / Ruth Costas

Opinião do BGN

A verdade está escancarada!!!! Esta nascendo mais um país comunista ao estilo cubano. Está na hora de Cháves ser derrubado. Está na hora da reação das forças democráticas dentro e fora da Venezuela.


Está na hora da derubada do regime cubano também

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