Reforço militar brasileiro será enviado ao Haiti em março

Exército enviará mais 900 homens.

O Exército informou neste domingo que o reforço de 900 militares brasileiros para integrarem a missão humanitária da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti --que foi devastado por um terremoto de magnitude 7 no início do mês-- deve desembarcar por lá até o início de março.

Segundo o comando do Exército, 750 militares são fuzileiros e outros 150 militares são da polícia do Exército. No período do carnaval, eles ficarão concentrados no Rio de Janeiro e passarão por um treinamento específico para atuarem na região. A maioria desses novos militares já esteve em outras missões no Haiti e vão atuar na distribuição de alimentos, nas ajudas às vítimas do terremoto e nas medidas de reconstrução do país caribenho.

O Exército brasileiro ainda tem uma reserva de outros 400 homens que estão de prontidão para seguirem ao Haiti se o governo brasileiro considerar a necessidade de um novo reforço de contingente. Antes do terromoto, 1.266 militares brasileiros atuavam no Haiti, 18 morreram por causa do tremor. Desse contigente, 130 ainda continuam trabalhando no país caribenho, sendo que o restante já foi substituído.

Segundo o comandante Militar do Panalto, general Sodré, a ampliação das tropas brasileiras no Haiti não reflete uma mudança de postura do Exército brasileiro. "A missão é a mesma. A diferença é que esse novo grupo vai ter uma atenção especial para as questões humanitárias, mas sem esquecer da segurança", disse.

Há duas semanas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade o envio de mais 3.500 militares e policiais que fazem parte da missão de estabilização que o organismo internacional mantém no Haiti.

A medida aprovada pela ONU prevê o envio de mais 2.000 soldados extras --que devem se juntar aos 7.000 soldados das tropas de paz já destacados no país-- e outros 1.500 policiais aos cerca de 2.100 homens da força policial internacional que já atuam no Haiti.


Tropas

O aumento das tropas brasileiras no Haiti faz parte do decreto aprovado na segunda-feira pelo Congresso autorizando o envio de mais 1.300 militares ao país.

A comissão representativa da Câmara e do Senado --convocada para votar em caráter emergencial o reforço de tropas para ajudar na reconstrução do país caribenho-- aprovou ontem mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o pedido para aumentar o contingente dos militares.

O Legislativo também aprovou voto de pesar pela morte de Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, do chefe-adjunto civil da missão da ONU no Haiti, Luiz Carlos da Costa, e de 18 militares durante o terremoto que atingiu o Haiti no último dia 12.

Os parlamentares defenderam, em maioria, o envio de novos militares para ajudar o Haiti a se recuperar do terremoto que deixou mais de 150 mil mortos.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que o reforço das tropas no Haiti mostra a liderança do Brasil no comando das forças de paz das Nações Unidas no país.


"O Brasil tem que pagar o preço pela sua grandeza. O Brasil, sendo o maior país da América do Sul, pelo peso da sua grandeza, tem o custo e isso nós devemos pagar. Para as Forças Armadas é muito importante que tenhamos também participação internacional em favor da paz do mundo inteiro", afirmou.

Após tremor, 50 militares brasileiros deixam Haiti e voltam ao país

Após 19 dias do terremoto de magnitude 7 que vitimou 18 companheiros e devastou o Haiti, 50 militares brasileiros que integravam a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) voltaram ao Brasil. Eles foram homenageados pelo Comando do Exército e reencontraram os familiares.

Na bagagem, os militares trouxeram a lembrança da tragédia e o desejo de que a mobilização internacional seja capaz de realizar uma rápida reconstrução das cidades atingidas pelo tremor. Segundo o sargento Edson Luiz, agora, a evolução social que o país vinha apresentando se perdeu.

"O nosso sentimento era de que até o acontecido, aos poucos, o país estava se organizando, que as coisas estavam melhorando, que a violência estava diminuindo. Com o terremoto, tudo se perdeu e voltou à estaca zero", disse.

No dia 12 de janeiro, quando ocorreu o terremoto, o sargento estava na base militar do Brasil, e sentiu a terra tremer levemente porque a estrutura do local era reforçada. Ele foi um dos responsáveis pelo atendimento da enfermeira Jean Baptiste. Ela estava grávida e foi retirada dos escombros do hospital em que trabalhava três dias depois do terremoto. "É uma emoção indescritível. Todo mundo se emocionou bastante quando ela chegou na base", disse.

Emoção, que segunda a esposa do sargento, Nancy Andrade, ela vive hoje. "Foi um período bastante complicado. Passeis dois dias sem ter notícias dele quando aconteceu o terremoto. Nossos filhos estavam viajando, eu estava sozinha. Foram momento de muita apreensão, mas agora é só alegria", afirmou.

Para o cabo Diniz, a volta para Casa foi como um "renascimento" porque teve a oportunidade de conhecer seu filho Cauã, de 4 meses. "Só o conhecia por foto e era a coisa que eu mais pensava naquele momento de como seria o encontro com ele e com o resto da família", disse.

Os 50 militares passaram sete meses trabalhando no Haiti e agora terão 30 dias de férias. O agrupamento é formado por militares de Brasília, Goiânia, Ipameri (GO) e Araguari (MG).

Antes do terremoto, 1.266 militares brasileiros atuavam na missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no país caribenho. Segundo o Exército, 1.118 já foram substituídos. Na próxima semana, os últimos 130 militares brasileiros que estavam no Haiti no dia do tremor retornam ao Brasil.

Fonte: FOLHA / Márcio Falcão

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