Novos cálculos indicam que primeiro planeta rochoso de fora do sistema Solar é dominado por rios de lava
Ilustração mostra a estrela de Corot-7b, avistada a partir da superfície do planeta/Divulgação/ESO
SÃO PAULO - O planeta Corot-7b, o primeiro mundo rochoso detectado fora do sistema solar, possivelmente é um pelaneta dominado por violentas erupções vulcânicas.
Sendo cerca de 70% maior que a Terra e dotado de superfície rochosa, o planeta foi classificado como uma "super-Terra". Embora outras "super-Terras" já fossem conhecidas, Corot-7b foi o primeiro planeta relativamente pequeno de fora do Sistema Solar a ter a densidade calculada, confirmando uma composição rochosa, como a da Terra, e não gasosa, como a de Júpiter ou Saturno.
O planeta gira tão perto de sua estrela que a temperatura em sua superfície deve ser de cerca de 2.000 ºC no lado iluminado. E provavelmente cai abaixo dos -210 ºC no lado escuro.
Agora, um novo estudo sugere outra característica que torna o primeiro "irmão" extrassolar da Terra ainda mais inóspito: se a órbita de Corot-7b não for perfeitamente circular, o planeta estará sujeito a uma atividade vulcânica comparável à de Io, uma das luas de Júpiter e o corpo mais geologicamente ativo do Sistema Solar. Em Io existem mais de 400 vulcões ativos, que emitem material a altitudes de até 300 quilômetros.
A reclassificação de Corot-7b, de "super-Terra" para "super-Io", está sendo proposta pelo astrônomo Rory Barnes, da Universidade de Washington. seus cálculos foram apresentados numa reunião da Sociedade de Astronomia dos Estados Unidos, realizada nesta semana.
Barnes determinou que um pequeno desvio da órbita do planeta em relação a uma trajetória circular bastaria para submetê-lo a intensas forças de maré, capazes de distorcer o formato do planeta, aquecendo seu interior a ponto de desencadear o vulcanismo intenso. Na Terra, as forças de maré são absorvidas pelos oceanos.
"Corot-7b muito provavelmente não tem oceanos", disse Barbes, em nota. "Um planeta numa órbita não circular sofre forças gravitacionais de diferentes intensidades em diferentes pontos de sua trajetória, sendo as forças maiores quando está mais perto da estrela e as menores, quando está mais afastado". Entre os dois pontos extremos, prossegue o cientista, o planeta "estica e relaxa".
Esse movimento produz fricção que aquece seu interior.
"Se as condições forem como especulamos, o planeta terá muitos vulcões continuamente em erupção, e magma escorrendo por toda a superfície", acrescenta.
Cientistas apontam superfície rochosa em 'super-Terra'
Dados detalhados sobre o menor planeta já encontrado fora do nosso sistema solar sugerem que se trata de uma "super-Terra" com superfície rochosa, muito parecida com a nossa, disseram astrônomos europeus.
Cerca de 330 exoplanetas já foram achados orbitando outras estrelas além do Sol. A maioria são gigantes gasosos com características semelhantes a Netuno, que tem 17 vezes a massa da Terra.
Mas o planeta citado no estudo de quarta-feira, chamado CoRoT-7b - é diferente. Ele completa uma órbita a cada 20 horas, a uma distância de apenas 2,5 milhões de quilômetros da sua estrela. Sua temperatura oscila entre 1.000C e 1.500C, o que significa que não pode abrigar vida. Seu raio é cerca de 80 por cento maior que o da Terra.
Em artigo na revista Astronomy and Astrophysics, os cientistas disseram que suas conclusões colocam o CoRoT-7b na categoria das "super-Terras". Cerca de 12 delas já foram localizadas, mas é a primeira vez que se mensura com relativa precisão a densidade e a massa de um exoplaneta tão pequeno, disseram eles.
Para fazer essas medições, eles usaram um dispositivo chamado "procurador de planetas por velocidade radial de alta precisão" (Harps, na sigla em inglês), que é um espectrógrafo ligado ao telescópio do Observatório Europeu Meridional, em La Silla, no Chile.
De acordo com os cientistas, esse é "o melhor dispositivo caçador de exoplanetas no mundo." "Embora o Harps seja certamente imbatível quando se trata de detectar exoplanetas pequenos, as medições do CoRoT-7b se mostraram tão exigentes que tivemos de reunir 70 horas de observações," disse François Bouchy, outro integrante da equipe europeia de astrônomos.
Artiz Hatzes, que também faz parte da equipe, disse que o trabalho representou um "tour de force" das medições astronômicas.
O planeta Corot-7b fica a 480 anos-luz da Terra.
Fonte: O ESTADO/Carlos Orsi - Reuters/Kate Kelland
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