Exército britânico utilizou tortura contra prisioneiros da Irlanda do Norte

As novas evidências apresentadas pela Comissão são mantidas sob sigilo e o Ministério de Defesa britânico diz não poder confirmar se os soldados britânicos foram instruídos a utilizar a técnica na época.
Os jornais britânicos informam nesta terça-feira que o Exército do Reino Unido utilizou a técnica de afogamento simulado, considerada tortura, no interrogatório de prisioneiros na Irlanda do Norte, nos anos 70. O caso veio à tona depois que uma comissão lançou apelação contra sentença por assassinato de uma das supostas vítimas da técnica.

Segundo relata o jornal "The Guardian", a Comissão de Revisão de Casos Criminais levou o caso de Liam Holden --a última pessoa no Reino Unido a ser condenada a morte por enforcamento, em 1973-- à corte de apelação diante de sérias dúvidas sobre a veracidade de sua confissão.

Na época, Holden afirmou que confessou o assassinato de um soldado sob tortura ao ser interrogado pelo Regimento dos Paraquedistas --que teria usado a técnica de afogamento simulado, ao colocar o rosto de Holden debaixo da água por longos períodos.

A pena de morte foi revogada e transformada em prisão perpétua, afirma o jornal. Holden, contudo, foi libertado em 89.

A comissão diz acreditar que há "possibilidade real" de sua condenação ser revogada, embora o trâmite tenha sido adiado para 2010.

Advogados envolvidos no caso já identificaram um segundo caso de prisioneiro que relatou ter sido submetido à técnica depois de ser preso por detetives britânicos e questionado sobre a morte de um oficial.

Em relato a um médico, datado de 1978, o homem, cujo nome não foi revelado, diz que uma toalha era colocada sobre seu rosto e que água era jogada em seu nariz e boca. Ele foi libertado sem nenhum tipo de indiciamento.

O Comitê apresenta ainda um terceiro depoimento de um homem que diz ter sido submetido ao afogamento simulado no começo da década de 70.

Segundo os jornais, todas as denúncias são relativas ao período posterior a março de 1972, quando o então primeiro-ministro Ted Heath baniu cinco outros métodos de tortura condenados na corte europeia como desumanos --uso de vendas ou capuzes, privação do sono, fome, uso de posições estressantes e barulho excessivo.

As novas evidências apresentadas pela Comissão são mantidas sob sigilo e o Ministério de Defesa britânico diz não poder confirmar se os soldados britânicos foram instruídos a utilizar a técnica na época.

O "Guardian" afirma, contudo, que há evidências de que a instrução vinha dos superiores. O jornal conversou com um ex-oficial da Marinha Real que contou que o afogamento simulado fazia parte do treinamento de escape e evasão no final dos anos 60 e início dos anos 70. Eles eram submetidos a técnica, que recebia outro nome.

Fonte: FOLHA

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