Após decisão do STF, pai diz implorar por retorno de Sean aos EUA

Goldman fica em desespero com a decisão absurda do Ministro Marco Aurélio



David Goldman, pai do menino Sean, de 9 anos, desembarca no Rio; STF aceita pedido da família materna e mantém garoto no Brasil/Felipe Dana/AP

O americano David Goldman, pai do menino Sean --pivô de uma disputa com a família brasileira-- afirmou nesta sexta-feira que implora pelo retorno do garoto aos Estados Unidos.

David desembarcou ontem no Rio, depois de a Justiça Federal determinar que o menino, de 9 anos, deveria ser entregue ao pai. No entanto, horas depois, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que Sean deve permanecer, por enquanto, no Brasil.

"Estou de joelhos, implorando para meu filho voltar para casa, implorando por Justiça.Por que é tão difícil?", disse David.

O americano afirma que espera passar o Natal com o Sean. "Se eu estiver aqui, tenho certeza de que não conseguirei [passar o Natal com ele]. Estou esperando ir embora com o meu filho e levá-lo de volta para nossa família e aproveitar o Natal e os feriados, ir brincar no gramado, tirar fotos, fazer as coisas que a gente já fez no passado como pai e filho", disse.

No entanto, o menino deve ficar no país até fevereiro porque o Supremo entra hoje em recesso e a palavra final sobre o caso será dada pela 1ª Turma do tribunal, composta pelos ministros Marco Aurélio, Carlos Ayres Britto, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e José Antonio Dias Toffoli.

Cartaz

Ontem, o advogado Sergio Tostes, que representa João Paulo Lins e Silva, padrasto de Sean, comemorou a decisão do STF com a exibição de dois cartazes que atribuiu ao menino. "Quero ficar no Brasil sempre", dizia um deles, endereçado ao presidente Lula.

"Como vou saber se foi ele que escreveu isso", contestou nesta sexta o pai de Sean.

Disputa

O americano afirmou hoje que quer fazer com Sean "programas que um pai normal faz com seu filho". "Tudo o que eu mais quero é ficar com ele. Quero ir ao cinema, quero brincar, jogar bola com ele", disse.


"É errado, é cruel, é trágico, é triste. O meu filho está sofrendo e perdendo sua inocência de criança", disse Sean.

À Folha Online Silvana Bianchi, avó materna de Sean, negou que o garoto sofra "tortura psicológica", e voltou a defender que o menino seja ouvido pela Justiça, para esclarecer se prefere continuar vivendo no Brasil --onde mora desde 2004--, ou se gostaria de morar com o pai nos Estados Unidos.

"Ele [Sean] assiste a todos os noticiários que quer, agora dizer que ele não tem maturidade para tomar essa decisão [se quer continuar no Brasil] é arbitrária. Ele tem que ser escutado."

Recurso

Os advogados de David Goldman afirmaram nesta sexta-feira que vão recorrer da decisão do STF.


"Estou trabalhando na liminar e pretendo apresentar isso o quanto antes. O recesso não quer dizer que o tribunal feche, ele atende somente a questões urgentes, que é totalmente o caso. Acredito que a decisão possa sair na próxima semana", disse Ricardo Zamariola, um dos advogados.

Na visão de Marcos Ortiz, também advogado de David, o recesso pode, porém, prejudicar a definição do caso. Ele disse que David trouxe presente de Natal para Sean e pretende visitar o filho.

Pai classifica como covardia batalha judicial em torno do menino Sean

Horas depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir que o menino Sean Goldman, 9, deve permanecer, por ora, no Brasil, o americano David Goldman, pai da criança, disse que "o que estão fazendo com o Sean é uma covardia".

David, que desembarcou no Rio hoje, afirmou por volta das 20h que está "extremamente desgastado", mas ainda tem esperanças de levar o filho para os Estados Unidos. "O que estão fazendo com o Sean é uma covardia. Eu tenho um carinho imenso por esse menino. Vou me reunir com meus advogados amanhã para saber quais serão os próximos passos", disse.


"Já estou nessa luta há cinco anos, mas não vou desistir. Vai ser o meu quinto Natal sem ele. Tudo que eu mais quero é ficar com ele", afirmou.

Na quarta (16), o TRF (Tribunal Regional Federal) havia dado prazo de 48 horas para que o menino, alvo de uma disputa entre o pai e a família brasileira, fosse entregue ao americano. Nesta quinta, o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, decidiu aceitar o pedido de habeas corpus impetrado pela família brasileira, e a criança deverá ser ouvida pela Justiça antes de deixar o país.

O pedido já havia sido feito em julho deste ano pela avó materna de Sean, Silvana Bianchi, mas foi arquivado pelo presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes. Neste novo recurso, a família brasileira do garoto alega que a Justiça Federal no Rio determinou a transferência de Sean ao país sem ouvi-lo antes, "tolhendo-o da oportunidade de expressar sua opinião a respeito de sua saída compulsória do país, tal como preveem o artigo 13 da Convenção sobre os aspectos civis do sequestro internacional de crianças". O pedido é uma tentativa de impedir que a criança retorne ao país com o pai.

Disputa

Nascido nos EUA, Sean veio ao Brasil em 2004 com a mãe, Bruna Bianchi. Desde então David Goldman tenta levar o filho de volta com base na Convenção de Haia sobre sequestro internacional de crianças. Com a morte de Bruna, em 2008, a batalha judicial passou a ser travada entre o americano e o segundo marido da mãe, João Paulo Lins e Silva.

"Espero voltar para casa com meu filho", disse o pai de Sean após desembarcar no Rio, nesta quinta.

David foi recebido por um representante do Consulado americano e deixou o aeroporto sob escolta de seguranças da Infraero (estatal que administra os aeroportos) e da Polícia Militar. Ele seguiu para um hotel em Copacabana (zona sul).

Comentário do BGN


É evidente que o menino deve ficar com o pai , assim como também é evidente a decisão absurda do Ministro Marco Aurélio. Na verdade, a argumentação apresentada para a aceitação da liminar impertrada pela  família brasileira, juridicamente não se mantém. Esperamos que este engano trágico seja corrigido no julgamento do recurso que será apresentado.



Evidente também as mazelas do sistema judicial brasileiro que permite a infindável apresentação de liminares, recursos e demais medidas protelatórias, tornando qualquer causa, um suplício cruel e vergonhoso.

Fonte: FOLHA / DIANA BRITO

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