A operadora de telefonia France Telecom anunciou nesta segunda-feira a substituição de Louis-Pierre Wenes, diretor da empresa para operações na França, como forma de conter uma crise de confiança surgida após o suicídio de 24 funcionários da empresa desde o início de 2008.
Wenes foi um dos principais responsáveis enquanto esteve na diretoria da empresa pelo programa de cortes de custos nas operações na França. Para seu cargo foi nomeado Stéphane Richard --que chegou à France Telecom no mês passado.
A France Telecom informou que Wenes deixou a empresa por iniciativa própria, mas tanto ele como a companhia enfrentaram sérias críticas, principalmente dos sindicatos.
A mudança chega dois dias antes de um protesto planejado contra o que sindicatos e funcionários viam como falta de ação por parte da France Telecom. "Conseguimos", disse Patrice Diochet, representante do sindicato francês CFTC, segundo o diário britânico "Finance Telecom" ("FT"). De acordo com Diochet, essa foi "a primeira medida para mostrar o modo de pensar da France Telecom e sua disposição de mudar a forma como os negócios são conduzidos."
Para os sindicatos, Wenes incorporava uma cultura gerencial agressiva, e dizem que os cortes de custos, as reorganizações, as exigências de metas individuais e a administração insensível desmoralizavam os funcionários, segundo o "FT".
E-mails
O vice-presidente de finanças da France Telecom, Gervais Pellissier, disse recentemente que o dilúvio de e-mails recebidos em celulares inteligentes e computadores pessoais estava causando estresse aos funcionários. Embora não tenha imputado às mensagens de e-mail que chegam sem parar a culpa pelos suicídios, ele afirmou que os funcionários de todas as grandes empresas estão sob mais pressão na era do BlackBerry.
"Hoje, para as pessoas trabalhando no mundo dos negócios, não importa em que nível, quer se trate de presidentes ou de funcionários de primeiro e até segundo escalão, a conexão é permanente", disse.
Pellissier afirmou ainda que alguns funcionários estavam claramente se sentindo muito pressionados devido à privatização da companhia --mas acrescentou que isso era agravado por novas tecnologias que fazem com que o trabalho interfira cada vez mais na vida pessoal.
Executivo francês culpa e-mails por estresse de funcionários
Um importante executivo da maior empresa francesa de telecomunicações, que vem enfrentando uma série de suicídios, alertou que o dilúvio de e-mails recebidos em celulares inteligentes e computadores pessoais estava causando estresse aos funcionários.
A France Telecom, que opera sob a marca Orange, está sofrendo escrutínio público porque 22 de seus funcionários cometeram suicídio e outros 13 tentaram se matar, do começo de 2008 para cá.
Conexão permanente na era do BlackBerry é responsável por estresse, afirma executivo
Embora Gervais Pellissier, vice-presidente de finanças da France Telecom, não tenha imputado às mensagens de e-mail que chegam sem parar a culpa pelos suicídios, ele afirmou que os funcionários de todas as grandes empresas estão sob mais pressão na era do BlackBerry.
"O funcionário médio de uma grande empresa 15 anos atrás não tinha celular ou computador em casa. Quando a pessoa ia para a casa, deixava o trabalho para trás", ele disse.
O popular BlackBerry, da Research in Motion, recebeu o apelido de CrackBerry nos Estados Unidos, onde alguns usuários dizem que são viciados em verificar e-mails.
Pellissier disse que essas práticas podem estar causando mais efeitos adversos sobre os funcionários do que sua empresa e outras reconhecem.
Como resultado, um funcionário frágil e em dificuldades provavelmente sofreria mais confusão, "com maior mistura entre a vida pessoal e a profissional do que no passado".
"Isso é provavelmente algo que não consideramos, e não apenas na France Telecom; é mais uma questão social mundial, o impacto das novas maneiras de trabalhar sobre o comportamento pessoal", disse Pellissier.
Fontes: FOLHA - France Presse
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