ONU pede acordo climático rígido e alerta para desastre

ONU faz alerta referente mudanças climáticas

Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cobrou mais empenho na negociação do novo tratado climático global para evitar desastre

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cobrou nesta quinta-feira (3) mais empenho na negociação do novo tratado climático global, para evitar o que segundo ele seria um desastre econômico caso o nível dos mares suba até 2 metros ao longo deste século.

"Pagaremos um preço elevado se não agirmos", disse, em uma conferência climática de 155 países em Genebra. "A mudança climática pode provocar um desastre econômico generalizado", prosseguiu, defendendo um crescimento mais ambientalmente correto para o planeta.

O novo tratado climático, que irá substituir o Protocolo de Kyoto após 2012, está sendo negociado em várias reuniões, para ser aprovado no encontro ministerial de Copenhague em dezembro.

"Até o final deste século, o nível dos mares pode subir entre meio metro e dois metros", observou. Isso ameaçaria pequenos países insulares, deltas de rios e cidades como Tóquio, Nova Orleans e Xangai, segundo ele.

A projeção apresentada por ele está acima da previsão de aumento de 18 a 59 centímetros no nível do mar, citada em 2007 por uma comissão de especialistas da ONU.

Essas estimativas, no entanto, não incluíam a possibilidade de um degelo mais acelerado da Antártida e da Groenlândia.

Ele disse que as emissões de gases do efeito estufa continuam crescendo rapidamente, apesar das promessas dos governos no sentido de contê-las. "Nosso pé está cravado no acelerador, e estamos rumando para o abismo", disse ele.

"Não podemos nos dar ao luxo de um progresso limitado. Precisamos de um progresso rápido", analisou, afirmando que já viu os impactos da mudança climática na visita que fez nesta semana à camada de gelo do oceano Ártico na costa da Noruega.

Ban disse esperar que a cúpula de líderes mundiais que ele comandará em 22 de setembro em Nova York dê um novo ímpeto para as negociações com vistas ao tratado de Copenhague.

"O apoio político para a ação climática está crescendo. Mas ainda não com a rapidez suficiente", afirmou o secretário, diante de uma plateia que incluía cerca de 20 líderes mundiais, a maioria oriundos de países em desenvolvimento, como Tanzânia, Bangladesh e Moçambique, e ministros de cerca de 80 paises.

Os líderes de países pobres pediram mais ajuda financeira e tecnologias limpas.

O presidente da Etiópia, Girma Woldegiorgise, afirmou que os países africanos estão sendo afetados pela mudança climática apesar de quase não terem contribuído com o problema, já que a maior parte das emissões de gases do efeito estufa é resultado da queima de combustíveis fósseis em nações industrializadas.

Os países em desenvolvimento querem que os países ricos se comprometam com cortes mais profundos até 2020 e que ofereçam mais ajuda. Já os países ricos querem que as nações em desenvolvimento se comprometam com metas mais claras em relação ao clima.

A conferência climática de Genebra, entre 31 de agosto e 4 de setembro, reúne cerca de 1.500 delegados. Ela aprovou formalmente a meta de criar um novo sistema para melhorar o monitoramento e informação sobre o clima, de modo a ajudar amplos setores, como a agricultura e os investidores em energia.

Grupo defende manipular a Terra contra aquecimento

A viabilidade de estratégias artificiais para resfriar o planeta ainda está longe de ser bem conhecida, mas a ciência não deve abandonar de todo esses recursos no combate ao aquecimento global, diz a maior associação acadêmica da Europa. Em um relatório publicado ontem, a Royal Society pediu ao governo britânico para bancar um programa de 10 bilhões anuais a fim de resolver dúvidas sobre o uso de técnicas da chamada geoengenharia.

O termo se refere à manipulação da atmosfera e da superfície da Terra para contrabalançar as emissões de gases do efeito estufa. São propostas como o lançamento maciço de aerossol na estratosfera terrestre para refletir o calor solar para o espaço antes que ele chegue aqui em baixo. Ou pintar de branco todos os telhados e ruas do mundo para evitar que o planeta absorva muito calor.


Abarcando algumas ideias mais mirabolantes que outras, a geoengenharia é considerada um delírio tecnológico por muitos cientistas. Não sem razão. Nenhuma proposta do tipo, por enquanto, é tão viável quanto a negociação de um acordo global para cortar as emissões de CO2 -solução tecnicamente simples, ainda que politicamente complexa.

Uma coisa não exclui a outra, porém, afirma o relatório da Royal Society, produzido por uma equipe de mais de 20 cientistas de ponta liderados por John Shepherd, da Universidade de Southampton.

"Há um sério risco de as ações de mitigação não serem introduzidas suficientemente e em tempo", diz o relatório. "A menos que os esforços futuros para reduzir emissões de gases-estufa sejam muito mais bem sucedidos do que aqueles feitos até agora, ações adicionais poderão ser necessárias para resfriar a Terra neste século."

O grupo da Royal Society, porém, reconhece que as ideias para tal ainda são cruas.

"A geoengenharia do clima terrestre muito provavelmente é tecnicamente possível", continua o documento. "Contudo, a tecnologia para isso mal se formou, e há grandes incerteza a respeito de eficácia, custo e impactos ambientais."

O relatório divide as ideias vigentes em dois grupos. O primeiro consiste em técnicas para sequestrar CO2 do ar, potencializando os cortes de emissões. O segundo grupo engloba estratégias para reduzir a absorção de radiação solar.

Se a geoengenharia for necessária um dia, diz o documento, as técnicas do primeiro grupo são preferíveis, porque também ajudam a combater a acidificação dos oceanos, outro efeito nocivo do CO2. Elas seriam uma gambiarra meteorológica que não afetaria tanto o sistema climático da Terra.


As técnicas do segundo grupo, porém, têm o potencial de provocar um resfriamento mais rápido da Terra, e numa situação de emergência global, poderiam ser adotadas por períodos curtos de tempo.

Muitas propostas de uso da geoengenharia, porém, também precisariam de acordos internacionais para serem adotadas, e a Royal Society diz que fatores políticos devem ser considerados nos estudos.

Fontes:
FOLHA - Reuters

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails