Obama rebate críticas e promete levar reforma de saúde à frente

Obama enfrenta opositores à reforma.


Obama discursa em sessão conjunta do Congresso dos EUA para defender suas propostas de reforma de saúde

Em um pronunciamento ao Congresso com o qual buscou salvar do colapso político uma das principais bandeiras de seu governo, o presidente americano, Barack Obama, disse nesta quarta-feira que "o tempo para brigas acabou" e pediu uma ação rápida para a reforma completa do sistema de saúde com a qual busca transformar o setor de saúde e o mercado de seguros nos Estados Unidos.

No discurso, Obama disse que os congressistas estavam "mais próximos do objetivo da reforma do que sempre estiveram" e descreveu uma série de propostas que, segundo ele, melhoraria a estabilidade de segurados e aumentaria as opções para aqueles sem cobertura.

"Acho que há um amplo consenso em torno desses aspectos do plano", disse Obama, apesar de ter admitido que ainda é preciso resolver detalhes significativos.

O acordo, segundo ele, ronda 80% do que é necessário fazer. "Estamos mais perto do que nunca do objetivo da reforma."

Obama fez o discurso na esperança de renovar o apelo de sua proposta de reforma de US$ 2,5 trilhões de dólares no sistema de saúde americano, parada no Congresso em meio a uma avalanche de críticas de republicanos e de democratas mais conservadores fiscalmente.

Ele disse que seu projeto pretende cortar os gastos do sistema de saúde, melhorando os tratamentos, regulando seguros e expandindo a cobertura para mais de 46 milhões de norte-americanos não segurados.

Como prometido, Obama explicou vários conceitos que gostaria de ver incluído em qualquer projeto final aprovado pelo Congresso, como a criação de uma bolsa de seguros, na qual indivíduos e pequenas empresas poderiam realizar negócios.

Ele também reiterou seu apoio para um plano de seguros controlado pelo governo --a chamada "opção pública"-- que tem recebido forte oposição de críticos que afirmam que prejudicaria seguradoras e que é equivalente à aquisição do setor pelo governo.

Mas ele deixou claro que a falta de uma opção pública em qualquer projeto final não seria fundamental.
"A opção pública é apenas um meio para este fim --e devemos seguir abertos a outras ideias que cheguem ao objetivo final", completou.

Críticas

O discurso foi equilibrado entre tentativas de estabelecer pontes bipartidárias e a defesa do ideal de cobertura ampla e de uma opção de plano público que são identificados com os democratas.

Ele expressou forte reprovação aos críticos de seu plano, acusando-os de substituir um debate honesto por táticas de pânico.

"Não gastarei meu tempo com aqueles que fizeram cálculos de que a melhor política é matar este plano do que melhorá-lo", disse Obama, com a voz crescentemente rouca durante o discurso que durou quase uma hora.

"O melhor exemplo é a afirmação, feita não apenas por apresentadores [conservadores] de rádio e TV a cabo, mas por políticos de destaque, de que pretendemos criar comitês de burocratas com o poder de matar idosos. Essa acusação seria risível se não fosse tão cínica e irresponsável. É uma mentira, pura e simples", disse Obama, desmentindo também que pretenda dar ao governo o controle de todo o sistema de saúde ou fornecer cobertura de saúde a imigrantes ilegais.

Mas o tenso antagonismo que marcou o debate sobre o tema durante o recesso parlamentar em agosto chegou ao Congresso nesta quarta-feira.

O deputado republicano pela Carolina do Sul Joe Wilson gritou: "Você está mentindo!" depois de Obama dizer que sua proposta não estende a cobertura de saúde aos imigrantes ilegais.

Não foi a única interrupção hostil durante o discurso. Antes, republicanos riram quando o presidente reconheceu que ainda há pormenores importantes a serem trabalhados antes de uma reforma de saúde poder ser aprovada.

A explosão do deputado republicano levou Obama a uma breve pausa antes de continuar com seu discurso. Sentada na galeria de visitantes, a primeira-dama, Michelle Obama, sacudiu a cabeça em sinal negativo depois da intervenção de Wilson.

Apoio em queda

Antes de Obama discursar, uma pesquisa encomendada pela agência de notícias Associated Press mostrou que a oposição à reforma de saúde é crescente. Segundo a pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 52% dos americanos são contrários às propostas de reforma do governo, contra 43% que tinham essa opinião em julho.

A porcentagem de defensores dos planos do governo caiu de 50% para 42%. O levantamento foi feito nos últimos cinco dias com 1.001 adultos com celulares e telefones fixos e tem uma Marge de erro de 31% pontos percentuais.

Enquanto 77% dos entrevistados disseram que a questão da cobertura de saúde é importante para eles, 92% disseram o mesmo sobre a economia, mais do que qualquer outra questão pesquisada.

Isso sugere que, apesar de o foco de Washington na luta pela reforma de saúde, poucos eleitores tiraram os olhos da recessão, tema que tomou apenas alguns instantes iniciais da fala de Obama, que agradeceu ao Congresso e ao povo americano a ajuda para a recuperação da economia, citando os sinais de recuperação dos últimos meses.

O presidente disse que era hora de olhar para o futuro, e que a reforma de saúde, ao diminuir os custos para a população diminuir o deficit público, era fundamental para os próximos passos do país.

Entenda debate sobre reforma no sistema de saúde dos EUA; veja flash

Fontes: FOLHA - Agências

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