Debate sobre possíveis coalizões marca fim da campanha eleitoral alemã

Especulações sobre possíveis coalizões marcam o fim de uma campanha eleitoral morna na Alemanha. Merkel é favorita à reeleição, mas prefere liberais como parceiros de eventual coalizão de governo.

Quem coliga com quem?

Segundo as más línguas, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, preferia ter reiniciado sem muito alarde um segundo mandato, após as eleições deste domingo (27/09) na Alemanha.

Isso foi demonstrado por sua atitude conciliadora nos últimos meses e pela ausência de temas polêmicos nesta campanha eleitoral. Além do mais, não é fácil se distinguir de seu adversário político, no caso os social-democratas, quando se governa com ele dentro de uma mesma coalizão.



Merkel e Steinmeier no debate televisivo

No debate entre Merkel e o candidato social-democrata à Chancelaria Federal, Frank-Walter Steinmeier, no dia 13 de setembro, ambos pareciam "velhos amigos". Em sua tentativa de sobressair-se, Merkel, favorita à reeleição, salientou: "Antes de tudo, deve-se dizer que a coalizão realmente fez um bom trabalho – sob minha liderança".



Crise financeira foi o principal desafio da atual coalizão

O principal desafio da coalizão alemã de governo foi o combate à crise econômica, com medidas que incluíram desde o pacote conjuntural até a estatização do banco hipotecário Hypo Real Estate. O desafiante Frank-Walter Steinmeier atribui isso à competência do Partido Social Democrata (PSD) na gestão de crises.

Segundo Steinmeier, a maioria das sugestões de combate à crise apresentadas nos últimos meses veio da social-democracia, de ministros como Peer Steinbrück (Finanças), Olaf Scholz (Trabalho e Assuntos Sociais), e por ele próprio. Independentemente dos êxitos do atual governo, uma nova coligação entre os dois principais partidos alemães seria, para os envolvidos, apenas uma solução emergencial.

Tradicionalmente, o parceiro preferido dos conservadores da União Social-Cristã (CSU) e da União Democrata Cristã (CDU) é o Partido Liberal Democrata (FDP). No último final de semana, também os liberais se colocaram à disposição para uma coalizão com os conservadores. Esta aliança já havia possibilitado que Helmut Kohl se mantivesse no poder durante 16 anos, de 1982 a 1998.

Liberais cresceram na preferência do eleitorado

Como partido da classe média, mas que também exige a proteção dos direitos dos cidadãos e não usa apenas a política econômica liberal como slogan, o partido está crescendo na preferência do eleitorado. Pesquisas de opinião projetam para o FDP um resultado superior a 10% dos votos. Na última eleição, em 2005, receberam 9,8% dos votos.

Guido Westerwelle, presidente dos liberais, é responsável por esse êxito. Ele polemizou durante a campanha eleitoral com slogans contra seus adversários políticos. Um dos temas foi a recompensa estatal por automóveis entregues para sucateamento. Segundo ele, teria sido a única medida positiva da atual administração federal.

Teoricamente, também seria possível compor uma coalizão com três partidos, entre liberais, conservadores e verdes. Mas, no momento, nem liberais nem verdes querem essa aliança. Uma importante razão para isso são as divergências em relação à energia nuclear.

Jürgen Trittin, um dos dois presidentes do Partido Verde, foi ministro do Meio Ambiente sob o governo Gerhard Schröder, que se decidiu pela eliminação gradual da energia nuclear na Alemanha. O afrouxamento dessa renúncia à energia atômica é categoricamente rejeitada pelos verdes.

Em sua campanha, Trittin apostou no perfil ambientalista do partido: "Só o verde é saída para a crise! Mas é preciso ter noção de política econômica ecológica. E neste ponto os outros partidos ainda não amadureceram".

Também sua correligionária Renate Künast, igualmente membro da presidência do Partido Verde, acha que a atual coalizão de governo só perdeu chances de resolver os problemas do país.

Coligação SPD e A Esquerda apenas em nível estadual

O partido A Esquerda conquistou seu espaço no espectro político alemão de esquerda e concorre – com sucesso – com o SPD. Há dez anos, em protesto à política social do então chanceler federal Gerhard Schröder, o atual presidente da Esquerda, Oskar Lafontaine, renunciou aos postos de presidente do SPD e ministro das Finanças. Muitos social-democratas ainda consideram isso uma traição e por esse motivo rejeitam uma coalizão com a Esquerda, ao menos em nível federal.

Mas também a Esquerda, que se opõe à participação alemã em operações militares no Afeganistão, não vê possibilidades – ainda – de trabalho conjunto, ressaltou Lafontaine. Para ele, enquanto o SPD mantiver sua posição em relação ao Estado social e à guerra, "não é possível nenhuma cooperação".

Já em nível estadual, a coalizão entre SPD e a Esquerda há muito tempo deixou de ser tabu.

Um terço de indecisos dificulta prognósticos eleitorais na Alemanha

Às vésperas das eleições parlamentares alemãs, o número de eleitores indecisos ainda é grande. No entanto, enquetes apontam para uma provável maioria conservadora e liberal

As eleições parlamentares alemãs se realizam neste domingo (27/09). Cerca de 62,2 milhões de eleitores vão escolher os futuros parlamentares do país. A premiê Angela Merkel, da União Democrata Cristã (CDU), tem grandes chances de ser reeleita primeira-ministra.

A maioria dos institutos de pesquisa prevê que a Alemanha será governada por uma aliança de democrata-cristãos e liberais. Os social-democratas, pertencentes à atual coalizão, também têm chance de se manter no governo como terceiro partido em uma coligação tríplice. A aliança entre conservadores, liberais e verdes é menos provável.

Segundo a mais recente pesquisa de intenção de voto do instituto Forsa, divulgada nesta sexta-feira (25/09), o partido de Merkel perdeu 1% desde o início da última semana, detendo agora 33% dos votos. Os liberais adquiriram um ponto percentual, chegando à marca de 14%. Os social-democratas podem contar com 25% (-1), os esquerdistas com 12% (+2) e os verdes com 10% (-1).

Um terço de indecisos

Isso significa que os dois grandes blocos – conservador e de centro-esquerda – podem contar com uma votação de aproximadamente 47%. Já a associação Forschungsgruppe Wahlen (Grupo de Pesquisa Eleições) conta com uma "maioria estreita, mas segura, para uma aliança democrata-cristã e liberal".

O que dificulta as previsões é o fato de haver um terço de eleitores indecisos. É por isso que todos os partidos se empenharam como nunca numa campanha eleitoral de última hora, a fim de conquistar os eleitores em dúvida.

O que será decisivo em um pleito praticamente empatado entre os blocos políticos serão os chamados mandatos suplementares. Em caso extremo, conservadores e liberais poderiam conquistar uma maioria com apenas 45% dos votos.

Mandatos suplementares podem ser adquiridos quando um partido conquista – nos distritos eleitorais de um estado federado – mais mandatos diretos do que lhe cabe conforme o segundo voto, relativo à legenda. Isso poderá trazer vantagens principalmente ao partido do governo.

Menos eleitores às urnas

Caso não se consume uma aliança entre conservadores e liberais, a alternativa mais provável seria uma reedição da atual coalizão democrata-cristã e social-democrata.

Do ponto de vista numérico, as combinações conservadores-liberais-verdes, social-democratas-verdes-liberais e social-democratas-esquerdistas-verdes também seriam viáveis, embora politicamente não muito prováveis. Uma coligação entre conservadores e verdes é considerada altamente improvável diante dos resultados das pesquisas.

Neste domingo, os locais de votação ficam abertos das 8h às 18h. Logo após a votação, serão divulgados os primeiros prognósticos. O resultado provisório oficial é anunciado na madrugada de domingo para segunda-feira.

Especialistas preveem que a participação dos eleitores deverá ficar aquém de 77,7%, marca registrada nas últimas eleições parlamentares em 2005.


Fonte: Deutsche Welle/Daphne Grathwohl

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