Cientistas descobrem 3 novos elos genéticos ligados ao Alzheimer

Estudos mostram que os genes são importantes fatores de risco.
Mal de Alzheimer afeta mais de 26 milhões pessoas em todo o mundo.

Dois grupos de cientistas, um do Reino Unido e outro da França, deram um grande passo nas pesquisas sobre o mal de Alzheimer, ao identificar três novos genes relacionados à doença, o que pode reduzir em até 20% seus índices de incidência.

Cientistas descobriram três importantes elos genéticos ligados ao mal de Alzheimer que afetam até 20 por cento dos pacientes da doença. Os especialistas disseram neste domingo (6) que foi a mais importante revelação na área nos últimos 15 anos.

Dois grandes estudos mostraram que os três novos genes se juntam ao mais conhecido gene APOE4 como importantes fatores de risco para a causa mais comum do estado de demência.

"Se pudermos retirar os efeitos prejudiciais desses genes por meio de tratamentos, poderíamos reduzir a proporção de pessoas que desenvolvem Alzheimer em 20 por cento," disse Julie Williams, professora de Genética Neuropsicológica na Universidade de Cardiff, na Grã-Bretanha, em entrevista coletiva em Londres.

O mal de Alzheimer afeta mais de 26 milhões pessoas em todo o mundo, não tem cura nem bons tratamentos. A necessidade de remédios eficientes está aumentando, já que o número de casos deve superar 100 milhões de pessoas em 2050.

Os atuais medicamentos só podem atrasar os sintomas de pacientes que perdem a memória, a capacidade de se locomover com eficiência e o cuidado consigo mesmos.

Williams, que liderou um dos dois estudos publicados na revista Nature Genetics, afirmou que apenas na Grã-Bretanha quase 100 mil pessoas poderiam evitar a doença com a erradicação dos efeitos dos três novos genes.

À frente da equipe de pesquisa sobre o tema no Reino Unido, Julie Williams, professora da Universidade de Cardiff, afirmou que se trata "do maior avanço conseguido na pesquisa sobre Alzheimer nos últimos 15 anos". O estudo foi divulgado pela revista "Nature Genetics".

Os pesquisadores asseguraram que se as atividades dos genes descobertos forem neutralizadas, poderiam prevenir, em uma área como a do Reino Unido (com uma população de 61 milhões de pessoas), 100 mil novos casos por ano do variante mais comum do mal de Alzheimer, sofrido em idade mais avançada.

Genes

A identificação destes três genes é a primeira desde 1993, ano no qual uma forma mutante de um gene chamado APOE foi responsabilizada por 25% dos casos diagnosticados da doença.

Dois destes três novos genes, denominados clusterina (ou CLU) e PICALM, foram identificados pela equipe britânica, e o terceiro, denominado receptor complementar 1 (ou CR1), pela equipe francesa.

O gene clusterina é conhecido por sua variada propriedade protetora do cérebro e, da mesma forma que o APOE, ajuda o cérebro a se desfazer dos amilóides, uma proteína potencialmente destrutiva.

A novidade é que, segundo o estudo, estes genes também ajudam a reduzir as inflamações que danificam o cérebro, causadas por uma excessiva resposta do sistema imunológico, função que compartilha com o CR1.

Os cientistas acreditam que a inflamação cerebral pode ter um papel muito mais importante no desenvolvimento do mal de Alzheimer e que poder interagir com estes genes abre as portas para tratamentos novos e mais eficazes.

O mal de Alzheimer, para o qual não há um tratamento eficaz, é uma doença neurodegenerativa que se manifesta através de uma deterioração cognitiva e de transtorno de conduta, devido à morte dos neurônios e de uma atrofia cerebral.

Saiba mais sobre o mal de Alzheimer

Descrita pela primeira vez em 1906 pelo médico alemão Alois Alzheimer, a doença de Alzheimer é a forma de demência mais comum. De causa desconhecida, ela provoca a morte das células cerebrais e leva a uma deterioração progressiva de várias funções, sobretudo daquelas relacionadas à memória e à linguagem.

Aos poucos, os pequenos esquecimentos --primeiros sinais da doença-- se agravam e surgem outros sintomas, como alterações de comportamento e dificuldades para falar, locomover-se ou deglutir.

O diagnóstico definitivo só pode ser feito após a morte pela biópsia do tecido cerebral, mas é possível detectar a doença em vida mediante a exclusão de outras enfermidades relacionadas e exames. O Alzheimer leva à morte e não tem cura, mas há medicamentos que aliviam os sintomas em alguns pacientes.

Fontes: G1- Reuters - FOLHA - Efe

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