Uribe busca apoio a pacto com EUA e Chávez alerta para possível guerra

Cháves faz ameaças

A Colômbia conseguiu nesta quarta-feira o apoio do Chile para a aplicação de um plano que permite aos Estados Unidos utilizar bases militares colombianas, em uma medida que causou polêmica na região e que, segundo o presidente venezuelano, Hugo Chávez, poderia levar a uma guerra na América do Sul.

No segundo dia de uma viagem a sete países da América Latina, foi a vez da presidente chilena, Michelle Bachelet, ouvir do próprio Alvaro Uribe as justificativas sobre o plano militar, criticado por líderes de esquerda. O plano também provocou preocupações de governos mais moderados como do Brasil e do Chile.

Enquanto isso, Hugo Chávez, presidente da Venezuela e com quem Uribe não planejou se encontrar, acirrou suas críticas e advertiu que o uso de bases colombianas por militares dos EUA "poderia ser o início de uma guerra na América do Sul".

Para Chávez, o presidente dos EUA, Barack Obama, "em vez de mandar mais soldados e mais aviões e mais dólares e mais helicópteros e mais bombas para a Colômbia, para que haja mais guerra e mais morte, deveria na verdade retirar", disse Chávez em uma entrevista coletiva, em Caracas, com correspondente estrangeiros.

No Chile, em frente à sede do governo em Santiago --onde ocorreu o encontro entre Bachelet e Uribe--, uma dezena de manifestantes se reuniu para protestar contra o plano militar. Eles foram detidos pela polícia na chegada do presidente colombiano.

"O que posso informar a vocês é que a presidente do Chile reiterou (...) que o Chile respeita a soberania, o interesse nacional e as decisões políticas de cada país deste continente e, particularmente nesse caso, da Colômbia", disse o chanceler chileno, Mariano Fernández.

Na semana passada, Bachelet disse no Brasil que compartilhava das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se manifestou contrário à ideia do uso de bases colombianas por militares norte-americanos mas que não queria dar opinião sobre as decisões de Uribe.

Após a reunião de cerca de uma hora e meia com Bachelet, Uribe disse que havia tido "um diálogo bem importante" com a presidente, para quem fóruns como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) poderiam tratar de temas como a presença militar dos EUA na Colômbia.

Uribe, visto como o principal aliado de Washington na região, recebeu ainda na terça-feira passada (4) o apoio do governo do Peru, no início de sua visita a países da região.

Bolívia

Na Bolívia, o presidente Evo Morales, que recebeu Uribe na terça, insistiu em sua contrariedade a um acordo militar entre Bogotá e Washington, afirmando que a guerrilha das Farc são "o melhor instrumento" dos EUA para justificar a ocupação militar na região.

"Quero dizer algo: as pessoas que estão nas Farc são o melhor instrumento do império neste momento", acrescentou o esquerdista Morales, que, no entanto, conclamou a guerrilha marxista a abandonar a luta armada e a buscar pacificamente mudanças políticas. Morales citou como exemplo a própria Bolívia. "Nossa experiência é fazer revolução na democracia", afirmou.

Argentina

Uribe também se reuniu com a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner. Buenos Aires, contudo, não fez nenhum comentário sobre a reunião, embora fontes oficiais tenham afirmado que a Argentina "sempre foi contra a instalação de bases de potências estrangeiras na América Latina".

"Esta posição está ainda mais justificada pelo clima de paz que a região vive atualmente", concluíram as fontes.

Segundo fontes do governo, Kirchner disse a Uribe que era preciso que "reduzir o conflito na região" e que "a instalação das bases não colaborava com este objetivo".

Paraguai

Depois da Argentina, o presidente colombiano seguiu rumo ao Paraguai, onde chegou às 20h10 (no horário de Brasília). Ele deve se reunir com seu colega local, Fernando Lugo, na residência oficial da Presidência paraguaia.

A viagem de Uribe termina nesta quinta-feira com reuniões com o chefe de Estado do Uruguai, Tabaré Vázquez, e com o presidente Lula.

O périplo de Uribe não inclui o Equador e a Venezuela, cujos presidentes têm sido os mais críticos ao plano militar, que prevê a concessão de sete bases militares colombianas para tropas norte-americanas.

Tanto o governo colombiano, quanto o americano negam que o convênio em negociação seja uma ameaça para a estabilidade de determinados países ou da região em seu conjunto, como afirma Chávez.

Saiba mais sobre o acordo militar entre EUA e Colômbia

Os governos da Colômbia e dos Estados Unidos discutem um um acordo que permitirá aos americanos utilizar três bases militares na Colômbia.

O novo acordo, previsto para ser finalizado neste mês, permitirá a Washington manter 1.400 pessoas entre militares e civis nos próximos dez anos e compensará o recente fechamento da base americana de Manta, no Equador.

Os EUA preveem investimentos de até US$ 5 bilhões pelo novo pacto.

No entanto, o acordo foi amplamente questionado por países da região. Na última quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua colega do Chile, Michelle Bachelet, demonstraram descontentamento em relação ao aumento do efetivo militar americano na Colômbia.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, retirou o embaixador do país de Bogotá após o governo colombiano ter acusado Caracas de repassar armas adquiridas da Suécia para guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). A tensão foi aumentada com a notícia do acordo militar com os EUA.



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Fontes: FOLHA - REUTERS

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