Mulher muçulmana usa uma burca, vestimenta que cobre todo o corpo, inclusive o rosto; os olhos ficam debaixo de uma tela
A proibição da burca, o véu integral que cobre completamente o rosto da mulher, permitiria erradicar o "câncer" que representa o islamismo radical. A afirmação foi feita pela ministra francesa responsável para política das cidades, Fadela Amara, em entrevista publicada neste sábado no jornal britânico "Financial Times".
"A grande maioria dos muçulmanos é contra a burca. A razão é evidente. Os que participaram na luta pelos direitos das mulheres em seus países, penso em particular na Argélia, sabem o que [o véu] representa e que tipo de projeto de obscurantismo político dissimula, com o objetivo de sufocar as liberdades mais fundamentais", declarou Amara, que tem origem argelina.
A burca e o niqab --véu integral que deixa apenas uma brecha para os olhos-- representam "a opressão da mulher, sua redução à escravidão e sua humilhação", destacou a ministra.
Para ela, as mulheres, além da exploração sexual e da pobreza, sofrem uma terceira forma de opressão: "o extremismo religioso, a existência de organizações fundamentalistas que seguem difundindo seu discurso", completou Amara, que já foi diretora da ONG de defesa do direito das mulheres "Nem Prostitutas nem Submissas".
"A França, pátria de um Islã progressista, deve lutar contra a gangrena, o câncer que representa o Islã radical, que deforma completamente a mensagem do Islã", afirmou.
Polêmica
Em 28 de junho, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou em discurso às duas casas do Parlamento que a burca não era bem-vinda no país, já que era 'não um símbolo religioso, mas sim de submissão da mulher'.
Um dia depois, o Parlamento da França criou uma comissão para estudar o uso da burca. Os 32 membros da comissão, com integrantes dos quatro principais partidos políticos franceses, realizarão audiências que deverão levar a uma legislação banindo a burca de ser usada em público.
A França possui a maior população muçulmana da Europa, aproximadamente 5 milhões de pessoas. Um pequeno, mas crescente grupo de mulheres usa burca ou o niqab --que deixa os olhos à mostra.
O debate sobre o uso da burca é mais um capítulo da controvérsia de mais de uma década na França sobre o uso de lenços na cabeça por mulheres muçulmanas. Em 2004, o governo proibiu o uso de todos os símbolos religiosos em escolas estatais.
Críticos afirmam que a lei estigmatizou os muçulmanos em um momento no qual o país deveria combater a discriminação nos locais de trabalho e mercado de emprego que causou grande racha na sociedade entre franceses e imigrantes.
A França não é o único país europeu a estudar o banimento da burca. Em 2005, os legisladores escoceses aprovaram a proibição de seu uso, embora o governo tenha deixado o poder antes da sua aprovação.
Fonte: AP- Reuters - FOLHA
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