Muda protocolo de utilização do Tamiflu
A partir desta semana, médicos poderão receitar o medicamento contra a gripe suína para pacientes que não se enquadram nos casos previstos no atual protocolo de tratamento --síndrome respiratória grave ou com algum fator de risco, como cardiopatia e gravidez.
A mudança será introduzida no protocolo nos próximos dias, segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Gerson Penna. O documento trará uma caixa em vermelho com a frase: "Qualquer indicação diferente das recomendadas neste protocolo fica na inteira responsabilidade do médico prescritor e da autoridade sanitária local".
Segundo Penna, a orientação do ministério continua a mesma, mas foi aberta a possibilidade de o médico decidir iniciar tratamento em casos excepcionais. "Não posso, de Brasília, tratar as exceções. A regra é a que está no protocolo."
A mudança no protocolo é a terceira orientação do ministério em relação ao tratamento da influenza A (H1N1), que já deixou 92 mortos no país.
Quando apareceram os primeiros casos do novo vírus no Brasil, a orientação era medicar todos os pacientes com suspeita ou confirmação laboratorial da gripe. No final de junho, o ministro José Gomes Temporão anunciou a restrição do remédio a pacientes com fator de risco ou com a doença agravada. O objetivo era evitar que o vírus adquirisse resistência.
A medida atende a especialistas que se reuniram ontem com autoridades do ministério, como Mauro Salles e Juvencio Furtado, da Sociedade Brasileira de Infectologia. "Tratar todo mundo indiscriminadamente não vai ser feito, o médico vai tratar os casos que ele acha que deve, em que há algum potencial risco", disse Furtado.
Horas antes, Temporão havia dito que era uma "irresponsabilidade social" a ação judicial em que a Defensoria Pública da União no Rio pedirá que o fosfato de oseltaminavir seja oferecido em toda a rede.
A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde, braço da OMS na América) também mudará a indicação de uso do Tamiflu até a próxima semana, detalhando sinais e sintomas que podem levar o paciente diagnosticado ou com suspeita da gripe A a ficar grave.
O objetivo é que o medicamento seja aplicado antes de o paciente evoluir para uma situação de gravidade, de acordo com Jarbas Barbosa, gerente de vigilância, prevenção e controle de doenças da Opas.
Em pacientes adultos com febre e sintomas respiratórios, alguns dos sinais de potencial agravamento são desidratação e frequências cardíacas e respiratórias elevadas. Em crianças, os sinais são: respiração rápida, cianose (extremidades azuladas) e incapacidade de mamar.
Casos
O vírus Influenza A (H1N1) já responde por mais da metade dos casos de gripe no país, segundo Temporão. "O número que nós temos é que 60% dos casos são de H1N1 e 40% da sazonal." De acordo com ele, os dados sobre a gripe suína indicam que ela "tem uma letalidade mais baixa do que a sazonal".
Fonte: FOLHA
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