Mulher afegã vota nesta quinta-feira na eleição que definirá o novo presidente do país; Hamid Karzai é favorito
Desafiando a ameaça de uma onda de violência pelo grupo islâmico radical Taleban e em meio a uma série de ataques com foguetes e confrontos próximos aos centros de votação, os afegãos vão às urnas nesta quinta-feira em eleições presidencial e provincial que se mostraram um teste do progresso da guerra contra o terrorismo.
Os relatos iniciais da imprensa, contudo, indicam que o comparecimento está baixo no sul, uma das regiões mais afetadas pela insurgência terrorista, perto dos cerca de 70% de eleitores que participaram, em 2004, da primeira eleição democrática direta no país.
Afegão deposita voto nas eleições presidencial e provincial que acontecem sob ataques do grupo Taleban
Um oficial eleitoral em Candahar, a segunda maior cidade do sul do país e local de "nascimento" do Taleban, afirmou que o comparecimento está em 40%. Ele pediu para não ser identificado por não estar autorizado a divulgar os dados.
ELE
Os insurgentes improvisaram bloqueios em estradas para alertar eleitores a não votar. Segundo o jornal "The New York Times", os talebans enforcaram duas pessoas em Candahar porque seus dedos estavam marcados com a tinta que identifica os eleitores.
Jornalistas da agência Associated Press relatam ainda comparecimento baixo na capital Cabul, comparada com as longas filas vistas em 2004. A cidade foi alvo nos últimos cinco dias de três grandes ataques do Taleban, que incluíram prédios do Ministério.
Os ataques fecharam alguns centros de votação, uma medida que já era esperada pelo governo afegão. O baixo comparecimento no sul do país pode prejudicar as chances do presidente, Hamid Karzai, de garantir a reeleição já no primeiro turno.
Logo após votar, aproximadamente às 7h (23h30 desta quarta-feira no horário de Brasília), logo na abertura das urnas, Karzai disse que não estava preocupado com a ameaça.
As pesquisas de intenção de voto indicam que Karzai tem cerca de 45% dos votos, pouco menos do que os 50% necessários para evitar um segundo turno contra a oposição --provavelmente o oftalmologista e ex-ministro de Relações Exteriores Abdullah Abdullah, que aparece nas enquetes com cerca de 25% dos votos.
O comparecimento no norte do país, onde Abdullah é forte, parece alto segundo relatos da agência Associated Press.
Agentes internacionais previram que as eleições seriam turbulentas, mas expressam esperança de que os afegãos aceitem o resultado como legítimo --um elemento crucial para a estratégia renovada de guerra ao Taleban do governo de Barack Obama.
Ataques
O Ministério das Relações Exteriores pediu nos últimos dias que as empresas de comunicação evitassem "divulgar qualquer incidência de violência" durante o horário de votação, "para assegurar a ampla participação do povo afegão." Devido a essa ordem, funcionários afegãos estão relutantes em confirmar relatos de violência, mas as agências internacionais informam dezenas de pequenos ataques e uma denúncia de fraude feita por um dos candidatos à Presidência.
Um repórter da agência Associated Press na Província de Helmand, no sul do país, disse que mais de 20 foguetes foram lançados na capital provincial, Lashkar Gah, incluindo um que explodiu perto de uma fila de eleitores, matando uma criança. A Província é um reduto taleban e área de produção de ópio que foi alvo de uma grande operação americana no último mês.
Outro relato de morte foi feito por uma autoridade de segurança da Província de Baghlan, no norte. Ele informou que talebans atacaram um posto policial e mataram um chefe de polícia distrital. Também no norte, aconteceu uma explosão dentro da principal estação policial da Província de Takhar, mas não houve vítimas, informou o chefe da polícia provincial.
No leste da capital, Cabul, Policiais afegãos trocaram tiros com três supostos suicidas talebans que ocuparam um edifício, disse uma fonte policial. Um porta-voz do grupo fundamentalista, Zabihullah Mujahid, disse que três guerrilheiros talebans estavam envolvidas no incidente, parte da sua estratégia para perturbar as eleições. Empresas de segurança na capital relataram pelo menos cinco explosões.
Há informações iniciais de que forças afegãs e estrangeiras entraram em choque com talebans em duas áreas da Província de Ghazni, no leste, mas as autoridades não divulgaram detalhes.
Pelo menos seis sessões eleitorais no distrito de Baraki Barak, na Província de Logar, a sudoeste de Cabul, foram atacadas por militantes, informou o chefe do Conselho Provincial, Sulaimankhil Abdul Hakim. Algumas pessoas fugiram durante o ataque, mas depois retornaram.
No sul do Afeganistão, área de maior presença dos talebans, guerrilheiros dispararam uma série de foguetes em diversas vilas e cidades, disseram testemunhas e funcionários. Pelo menos quatro crianças ficaram feridas em dois ataques separados, incluindo um perto de uma sessão eleitoral, em Candahar.
Dezenas de ataques marcam eleição em várias partes do Afeganistão
As primeiras horas das eleições presidenciais e provinciais do Afeganistão foram marcadas por relatos de violência em áreas de todo o país, com pelo menos duas mortes, embora sem nenhum grande ataque. O grupo fundamentalista islâmico Taleban prometeu atrapalhar a votação, mas o presidente Hamid Karzai, que busca a reeleição, disse logo depois de votar, que não estava preocupado com a ameaça.
O Ministério das Relações Exteriores pediu nos últimos dias que as empresas de comunicação evitassem "divulgar qualquer incidência de violência" durante o horário de votação, "para assegurar a ampla participação do povo afegão." Devido a essa ordem, funcionários afegãos estão relutantes em confirmar relatos de violência, mas as agências internacionais informam dezenas de pequenos ataques e uma denúncia de fraude feita por um dos candidatos à Presidência.
Um repórter da agência Associated Press na Província de Helmand, no sul do país, disse que mais de 20 foguetes foram lançados na capital provincial, Lashkar Gah, incluindo um que explodiu perto de uma fila de eleitores, matando uma criança. A Província é um reduto taleban e área de produção de ópio que foi alvo de uma grande operação americana no último mês.
Outro relato de morte foi feito por uma autoridade de segurança da Provícia de Baghlan, no norte. Ele informou que talebans atacaram um posto policial e mataram um chefe de polícia distrital. Também no norte, aconteceu uma explosão dentro da principal estação policial da Província de Takhar, mas não houve vítimas, informou o chefe da polícia provincial.
No leste da capital, Cabul, Policiais afegãos trocaram tiros com três supostos suicidas talebans que ocuparam um edifício, disse uma fonte policial. Um porta-voz do grupo fundamentalista, Zabihullah Mujahid, disse que três guerrilheiros talebans estavam envolvidas no incidente, parte da sua estratégia para perturbar as eleições. Empresas de segurança na capital relataram pelo menos cinco explosões.
Há informações iniciais de que forças afegãs e estrangeiras entraram em choque com talebans em duas áreas da Província de Ghazni, no leste, mas as autoridades não divulgaram detalhes.
Pelo menos seis sessões eleitorais no distrito de Baraki Barak, na Província de Logar, a sudoeste de Cabul, foram atacadas por militantes, informou o chefe do Conselho Provincial, Sulaimankhil Abdul Hakim. Algumas pessoas fugiram durante o ataque, mas depois retornaram.
No sul do Afeganistão, área de maior presença dos talebans, guerrilheiros dispararam uma série de foguetes em diversas vilas e cidades, disseram testemunhas e funcionários. Pelo menos quatro crianças ficaram feridas em dois ataques separados, incluindo um perto de uma sessão eleitoral, em Kandahar.
Comparecimento
A influência das ameaças e dos ataques sobre o comparecimento às urnas pode influenciar as chances de reeleição em primeiro turno de Karzai e a aceitação pública dos resultados.
O presidente é o grande favorito entre os pashtuns, majoritários no sul do Afeganistão e que também constitui a esmagadora maioria dos talebans.
Segundo as informações iniciais, o comparecimento dos eleitores às urnas foi baixo no início da votação, pelo menos na capital e em Kandahar, no sul, em uma indicação de que os eleitores podem ter esperado para avaliar se os locais de votação estavam seguros. Um repórter da agência Associated Press visitou seis centros eleitorais na capital, Cabul, e disse que não viu filas em nenhum deles. Outro repórter da agência, em Kandahar, também disse que viu poucos eleitores.
Meios de comunicação afegãos informam que na Província de Herat, no oeste, o comparecimento está sendo alto.
O principal candidato opositor, o ex-chanceler Abdulla Abdullah, filho de pai pashtun e mãe tadjique, deve receber muitos votos nas regiões tadjiques do norte, onde a segurança é maior e, por isso, o comparecimento às urnas pode ser alto. O ex-ministro de Karzai, um oftalmologista cuja campanha é baseada no combate à corrupção governamental, foi um membro da aliança ocidental que derrubou o Taleban em 2001 e possivelmente manteria laços estreitos com o Ocidente.
Há o receio de que os seguidores de Abdullah possam alegar fraude e tomar as ruas se Karzai vencer em primeiro turno sem que haja um grande comparecimento às urnas no sul.
Karzai, que ocupou o poder desde que o Taleban foi afastado, aparece como favorito para ficar em primeiro lugar entre os 36 candidatos oficiais à Presidência, embora a recente emergência de Abdullah possa forçar um segundo turno, se o presidente não conseguir mais de 50% dos votos. Os resultados preliminares devem ser anunciados no próximo sábado.
Após sete anos de um governo considerado corrupto e fraco, Karzai procurou assegurar a reeleição com alianças com líderes regionais, nomeando como companheiro de chapa um líder tadjique a quem demitira do Ministério da Defesa e recebendo de volta ao país o famoso guerreiro uzbeque Abdul Rashid Dostum, acusado de ser responsável pela morte de 2.000 prisioneiros talebans no início da do atual conflito.
As alianças visam a garantir milhões de votos, mas a presença dessas figuras no círculo íntimo de Karzai tem levantado temores nos países ocidentais de que o presidente será incapaz de cumprir as promessas de combate à corrupção em um segundo mandato.
Fontes: FOLHA - Agências
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