O Brasil corre grande risco de chegar ao estágio de transmissão sustentada do vírus da gripe suína, avalia o diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, David Uip. Neste estágio, o vírus A(H1N1) passaria a circular livremente no Brasil e poderiam ocorrer contaminações sem vínculo com viagens ao exterior ou pessoas que adquiriram a doença em outros países.
"É muito provável que isso ocorra", afirmou o médico, em entrevista concedida por telefone. "Não chegamos a esse estágio ainda e estamos fazendo de tudo para evitá-lo, mas pode ser uma questão de tempo."
Mesmo que o Brasil venha a atingir o estágio, não há razão para pânico. A letalidade da gripe suína é baixa - atinge 0,45% dos pacientes infectados. "É uma taxa muito similar à da gripe comum", destaca Uip.
Segundo boletim do Ministério da Saúde, divulgado na última sexta-feira, em apenas sete países a transmissão do vírus já é considerada sustentada (Estados Unidos, México, Canadá, Chile, Argentina, Austrália e Reino Unido).
"Como estamos no inverno, época em que as pessoas se aglomeram e a possibilidade de transmissão do vírus se amplia, fica mais difícil evitar que a gripe se espalhe", diz Uip.
Na semana passada, a morte de M., de 11 anos, em Osasco (SP), trouxe à tona a possibilidade de o vírus A(H1N1) ter transmissão sustentada. As investigações sobre como a menina teria contraído a doença continuam. No entanto, até agora, ao que se sabe, a criança, o irmão e seus pais, que também foram contaminados, mas estão bem, não tiveram contato com ninguém vindo do exterior e também não viajaram para fora do País.
ARGENTINA
O governo da presidente Cristina Kirchner anunciou neste fim de semana que 94 pessoas morreram pela gripe suína em todo o território argentino. Metade das mortes foi registrada na província de Buenos Aires, que concentra um terço da população do país.
No entanto, contabilidade paralela das secretarias da saúde das províncias argentinas e da cidade de Buenos Aires apontam que o país já acumularia, na verdade, um total de 102 mortes.
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