Pelo menos duas pessoas morreram após choques entre manifestantes e tropas no aeroporto de Tegucigalpa
CARACAS - O avião do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pousou em Manágua, capital da Nicarágua, depois de ser impedido de descer no aeroporto de Tegucigalpa. Zelaya partira mais cedo de Washington rumo a Honduras, a bordo de um avião venezuelano, acompanhado do presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D'Escoto, entre outras autoridades.
Pelo menos duas pessoas morreram e duas ficaram gravemente feridas após confronto entre as tropas militares e policiais de Honduras e manifestantes favoráveis de Zelaya, que aguardavam o retorno do presidente no aeroporto de Tegucigalpa. Os choques aconteceram nos arredores do aeroporto. Por volta das 20h30, Zelaya informou que a aterrissagem de seu avião estava sendo impedida por veículos que foram colocados na pista.
As autoridades aeroportuárias de Honduras recusaram autorização de pouso ao avião que transportava Zelaya. A torre de controle do aeroporto de Tegucigalpa disse ao piloto que o avião corria o risco de ser interceptado se tentasse pousar, de acordo com um registro do áudio do sistema de comunicação do aeroporto, publicado em um website de aviação. O governo de Honduras anunciou que um novo toque de recolher entrou em vigor a partir das 18h30 (21h30 de Brasília) deste domingo.
Milhares de simpatizantes de Zelaya tinham se dirigido ao aeroporto, após uma marcha de um quilômetro, para recebê-lo. Uma emissora local mostrou milhares de simpatizantes de Zelaya tentando derrubar a cerca do aeroporto. No telhado do terminal aéreo, foram vistos vários atiradores.
Enviando comunicados a partir do avião, por meio da TV venezuelana Telesur, Zelaya ordenara aos militares a abertura do aeroporto, declarando-se o comandante supremo legítimo das Forças Armadas, e pediu lealdade aos hondurenhos.
Horas antes, o diretor da Aeronáutica Civil de Honduras, Alfredo San Martín, assegurara que o avião com o presidente deposto havia sido impedido de aterrissar no país e teria sido desviado rumo a El Salvador.
A caminho de El Salvador
Zelaya disse, após pousar, que partiria imediatamente em direção a El Salvador, para se reunir com os presidentes lá presentes.
"Saio para lá imediatamente. Saio para El Salvador", disse Zelaya em declarações à Telesur, depois que ficou sabendo que os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner; do Paraguai, Fernando Lugo; e do Equador, Rafael Correa, o esperavam no aeroporto de San Salvador.
Nessas novas declarações ao canal, com base em Caracas, o presidente deposto há uma semana acusou as novas autoridades hondurenhas de fazer viver "um inferno desnecessário" a seu povo e disse que "se há mortos" os responsáveis irão para os "tribunais internacionais".
"Um estado de fato, ninguém vai aceitá-lo", disse Zelaya, acrescentando que "estes criminosos devem sair rapidamente", ao mesmo tempo em que voltou a pedir aos militares que "mudem a orientação de seus rifles" e considerou que cometeram "um grave erro que hoje custou vidas humanas, vidas inocentes".
"Vão ser processados em todos os círculos das instâncias internacionais", disse.
"Porque quero fazer mudanças, dão um golpe, e agora assassinam o povo mais inocente", acrescentou Zelaya, que após uma muito breve escala em Manágua pensa em voar agora para El Salvador, para onde viajou a comissão de presidentes junto com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, para buscar uma solução para a crise.
No sábado, 4, por unanimidade, a OEA decidiu suspender Honduras da entidade. A suspensão é resultado da recusa das autoridades hondurenhas de reconduzir Zelaya à presidêcia. Apenas dois países havia sido suspenso nesses termos pela OEA: Cuba, em 1962, e Haiti, em 1991.
Fontes: Estadão - Reuters
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