Publicação britânica ressuscita a tese do 'descolamento', mas diz que agora ele será mais limitado.
Um artigo na edição mais recente da revista britânica The Economist afirma que as grandes economias emergentes, principalmente Brasil, China e Índia, podem se recuperar mais rapidamente da crise econômica do que os Estados Unidos.
A revista defende uma nova tese do "descolamento", teoria defendida no ano passado por alguns analistas (entre eles a própria Economist) que afirmavam que os emergentes estariam mais resistentes a uma recessão nos EUA.
Admitindo que esta tese não se mostrou correta durante a crise, a Economist apresenta agora a tese do "descolamento 2.0" ("Decoupling 2.0", que dá nome ao artigo), que, segundo a publicação, seria "um fenômeno mais limitado, restrito a algumas das maiores e menos endividadas economias emergentes".
"Mesmo se a economia americana continuar fraca, há sinais de que as algumas das maiores economias emergentes podem ter uma recuperação razoável", diz a publicação.
A revista argumenta que esta nova teoria é baseada em dois fatores subestimados: que as grandes economias emergentes seriam menos dependentes dos gastos americanos do que se acredita e por elas terem se provado mais capazes e desejosas de responder à fragilidade econômica.
Como prova desse "novo descolamento", a revista cita o exemplo da China, cuja economia começou a se acelerar novamente nos primeiros quatro meses deste ano.
"Apesar dos debates sobre a precisão dos dados do PIB da China (...) o crescimento este ano pode ser perto de 8%. Este otimismo abasteceu os preços das commodities, o que, por sua vez, melhorou as previsões para o Brasil e outros exportadores de commodities".
Novo descolamento
Segundo a revista, durante a crise, países como o Brasil e a China não foram atingidos apenas pela queda na demanda dos EUA. O que talvez tenha afetado mais essas economias foi o quase colapso dos mercados de crédito globais e os cortes de estoques de companhias "traumatizadas".
Além disso, muitos dos emergentes apertaram sua política monetária para combater a inflação antes da crise, o que fez a demanda doméstica cair ao mesmo tempo em que as exportações entravam em declínio."Mas os choques globais estão se acalmando agora. Empresas não podem reduzir estoques para sempre. O pânico dos investidores está recuando, o que faz os mercados de crédito começarem a funcionar. Isto pode não ser o suficiente para estimular uma recuperação vibrante nos EUA (...) mas remove um obstáculo para as grande economias emergentes, que soltaram as rédeas ficais e monetárias", diz a revista, citando os pacotes de estímulo da China e os cortes na taxa de juros do Brasil.
Para a Economist, ações como essas por parte dos governos podem fazer as economias se recuperarem mais rapidamente, mas não criam uma resistência de longo prazo.
A publicação afirma que, para ter uma recuperação sustentável, a China deve substituir mais investimentos estatais por consumo privado e outros países, como a Índia, devem administrar melhor as finanças do governo.
"A ideia do descolamento continua viva, mas isso não significa que a prosperidade sustentável nas grandes economias emergentes seja uma conclusão necessária", diz a publicação.
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