OBAMA E CUBA: LULA E CHÁVEZ PERDEM A BANDEIRA. E O COMA ANDANTE ESBRAVEJA

Reinaldo Azevedo

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu um nó na ditadura decrépita de Cuba e deixou a falar sozinhos os cretinóides latino-americanos que pedem o fim do embargo à ilha — coisa que, é bom lembrar, Obama jamais prometeu, embora a promessa lhe fosse e lhe seja atribuída. Quem é que fica fazendo propaganda das virtudes supostamente saneadoras do fim do embargo? O mais importante dirigente a fazê-lo é mesmo Lula, o nosso Apedeutakoba. Chávez é outro estridente defensor da tese. Fala-se em “questão de justiça”. Para começo de conversa, a importância do embargo, hoje em dia, é nenhuma. Na prática, Cuba faz acordos bilaterais e negocia com quem quiser. O problema do país é a ditadura socialista, não o embargo americano, de efeito puramente simbólico hoje em dia.

Não sou um “obamaníaco”, como todos aqui sabem. Freqüentemente, há um exagero estúpido ao se cantar as suas glórias e o que ele realmente representa de novidade. Mas acho que, desta vez, o governo americano fez a coisa certa:
- não há mais restrições para viajar ao país;
- cubanos residentes nos EUA poderão enviar dinheiro livremente à ilha; continuam proibidas as remessas para dirigentes do Partido Comunista;
- empresas americanas poderão oferecer serviços de telefonia celular, TV e rádio para o país, e a conta pode ser paga nos EUA;
- o governo encomendou estudos para abrir vôos comerciais entre EUA e Cuba;
- ampliou-se a lista de produtos que podem ser enviados ao país.

E o embargo, de importância, reitero, puramente simbólica está mantido. Pôr fim ao embargo, como tantas vezes se escreveu neste blog, significa coonestar a ditadura. Como o próprio governo americano deixou claro, a medida tem de permanecer como um instrumento de pressão em favor da democracia.

Em maio do ano passado, o agora demônio aposentado George W. Bush já tinha liberado o envio de celulares a Cuba, mas as dificuldades técnicas tornaram a medida praticamente irrelevante. O ditadura dos Castro terá de autorizar a atuação das empresas americanas na área de comunicação. Num país em que a Internet é severamente censurada, não será certamente uma decisão tranqüila.

Antecipando-se
De quinta a domingo, acontece Trinidad e Tobago a 5ª Cúpula das Américas. Chávez já havia preparado a sua pantomima filocubana, cobrando dos EUA o fim do embargo. Lula, “o cara”, “o político mais popular da terra”, já se oferecia — e não desistirá do papel — para atuar como mediador entre as duas potências: de um lado, a Cuba de Raúl e Fidel Castro; de outro, os EUA de Obama... Reivindicação: o fim do embargo. Pois bem: esse discurso foi esvaziado, perdeu-se, não tem mais nenhuma importância.

E a burocracia socialista começará a ter um problema novo em breve. Ditaduras não convivem com livre circulação de informações. De fato, elas ainda não serão livres na ilha, mas certamente aumentará a pressão em favor das liberdades públicas e individuais. E podem anotar: se os EUA eliminam as restrições para as viagens, é certo, então, que Cuba vai tentar ampliá-las. Os cubanos que estão dentro da ilha, como sabem, estão proibidos de deixá-la. Raúl e o Coma Andante tentarão agora impedir que entrem os que estão fora. Pronto! Lula e Chávez não têm muito o que reivindicar a Obama no que diz respeito a este assunto. Seus esforços, agora, têm de se voltar para Raúl e Fidel Castro. Como reagirão?

Aproveite para...
Para que a política, interna ou externa, não seja só essa soma de aborrecimentos e picaretagens, aproveite para ver um filme que serve de ilustração para o que pode estar prestes a acontecer em Cuba.

O título original é One, TWo, Three, dirigido pelo excelente Billy Wilder, com James Cagney como protagonista. A obra é de 1961, em plena Guerra Fria. Existe nas locadoras — no Brasil, mereceu o título infame de Cupido não Tem Bandeira. MacNamara (Cagney), executivo da Coca-Cola, sonha dirigir a empresa em Londres. Mas é enviado antes a Berlim Ocidental, onde tem a tarefa adicional, por tramas do roteiro, de zelar pela segurança e boa conduta de Scarlett Hazeltine (Pamela Tiffin), filha do seu chefe. Bem... A mocinha é um tanto espevitada e acaba se casando, às escondidas, com Otto Ludwig Piffl (Horst Buchholz), um militante comunista bem bronco de Berlim Oriental.

O filme se chama One, Two, Three porque esse é um bordão de MacNamara: não importa o problema, ele sempre tem a solução, que vem em três medidas. Estala, então, os dedos e diz: “One: faça isso; two, fala aquilo; three: faça aquilo outro”. Vocês sabem como é (ERA?) o capitalismo, né? Acaba dando tudo certo. Cupido Não Tem Bandeira deve ter sido o título escolhido por algum comuna no Brasil para indicar que o amor não tem ideologia... Quando o camarada Otto Ludwig descobre as delícias do capitalismo, o que vocês acham que acontece? Wilder, diga-se, é um tanto irônico também com o “grande executivo” — às vezes, há tintas de caricatura. Mas não resta muita dúvida de que chanchada mesmo é a ditadura comunista. A exemplo daquele dos irmãos Castro.

Agora...
A partir desta terça, Lula e Chávez devem dirigir os seus esforços de entendimento aos ditadores cubanos. As decisões de Obama tanto perturbaram o regime, que a reação foi imediata. A imprensa estatal logo divulgou um artigo de Fidel Castro — ou o que quer que hoje seja chamado por esse nome — afirmando que Cuba “resistiu e continuará resistindo”, que não vai “pedir esmolas” etc. Vocês conhecem a retórica inflamada dos anões morais. “Agora só falta Obama persuadir todos os presidentes latino-americanos de que o bloqueio é inofensivo". Bem, o bloqueio é inofensivo. O mal de Cuba é a ditadura.

De resto, anotem aí: é o pensamento politicamente correto que torna Cuba um assunto relevante. Trata-se ainda de um efeito retardado da tara cultural pela revolução dos homicidas. Não tem a menor importância. Escrevo a respeito para dar conta do atraso em que estamos mergulhados. Relevantes são as questões relativas a Irã, Paquistão, Afeganistão, Coréia do Norte e Oriente Médio.

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