O músico Neil Young acaba de lançar o 32º álbum de sua carreira
E, no resto do ano, acelera seu projeto ecológico LincVolt, uma tentativa de transformar seu Lincoln Continental 1959 conversível --duas toneladas e meia divididas em seis metros de comprimento-- em um carro movido a eletricidade.
"Fork in the Road" (bifurcação) é pesado como uma banheira fabricada em 1959 e movida a gasolina. Young parece ter desligado a captação aguda de sua guitarra e estourado os graves do estúdio. É um disco curto, com apenas 40 minutos, e traz dez canções espantosas, todas sobre automóveis.
A história de Neil Young com essas máquinas é antiga e longa. Já escreveu clássicos sobre o assunto ("Long May You Run", 1976) e faz parte de seu anedotário o rabecão que dirigia quando se mudou do Canadá para Los Angeles em 1966.
O auge dessa obsessão parecia ter sido seu disco anterior, de 2007, "Chrome Dreams 2" (sonhos cromados, referência aos antigos carrões), uma continuação de "Chrome Dreams", um álbum que ele planejou lançar em 1977, mas nunca o fez.
E, agora, impulsionado pela quebra da indústria automobilística, pelo pedido de socorro das montadoras ao governo norte-americano, pelas demissões em Detroit etc., Young se inspirou para escrever uma vez mais sobre o assunto.
Temos canções com referências explícitas, chamadas "Fuel Line" (mangueira de combustível), "Get Behind the Wheel" (assuma a direção) e "Hit the Road" (pegar a estrada). Ou com letras como "You can drive my car/ Feel how it rolls" (você pode dirigir meu carro/ sentir como ele roda), em "Just Singing a Song", ou "It's all about my dream/ And my machine/ It's all about my world" (é sobre meu sonho/ e minha máquina/ é sobre meu mundo), em "Cough up the Bucks".
"Johnny Magic", para a qual Young fez dois vídeos (ambos dentro do LincVolt; podem ser vistos na internet), é o primeiro single do artista desde 2002.
Trata-se de um tributo a Jonathan Goodwin, o mecânico que está cuidando do projeto LincVolt. A letra diz: "Johnny Magic had a way with metal/ One day in a garage far away/ He met destiny/ In the form of a heavy metal Continental" (Johnny Magic tinha um jeito com metal/ um dia, numa garagem distante/ ele encontrou seu destino/ na forma de um Continental pesadão). "Fork in the Road" não tem nenhuma daquelas músicas gigantescas típicas de Neil Young, com 13 ou 18 minutos.
E traz duas baladas entre oito rocks: a chata "Off the Road" e a linda "Light a Candle", que traz ecos de guitarras do excelente "On the Beach", álbum de 1974 -que traz na capa um carro enterrado na praia.
Young pôs o disco no MySpace de graça. Uma semana antes do lançamento era possível ouvi-lo inteiro. Agora, metade das músicas está disponível.
A caixa
"Fork in the Road" é o 32º álbum de estúdio de Neil Young. Sem contar os ao vivo, os EPs, os unpluggeds, as coletâneas, os álbuns das bandas Crosby, Stills Nash & Young ou Buffalo Springfield. Somados todos, são mais de 80 discos.
E essa enormidade está prestes a aumentar geometricamente. Há anos Young promete lançar um projeto chamado "Archives", com shows, sobras de estúdio, raridades etc. A série é enorme: não trata de discos, mas sim de caixas. O primeiro volume --de prováveis quatro ou cinco-- abarca o período entre 1963 e 1972 e já tem data de lançamento: 2 de junho.
São três versões: oito CDs (US$ 99; cerca de R$ 216), dez DVDs (US$ 199; ou R$ 435) ou dez discos no formato Blu-Ray (US$ 299; ou R$ 654), com pré-venda no site do artista.
FORK IN THE ROAD
Artista: Neil Young
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 30 (importado)
Avaliação: ótimo
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