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RUMO À CASA BRANCA
Barack Obama chega como favorito à eleição americana
WASHINGTON - Após mais de um ano de campanha e sob os olhos de todo o mundo, os americanos vão às urnas nesta terça-feira, 4, para decidir se o próximo presidente do país será o primeiro negro a assumir a Casa Branca ou o candidato mais velho a vencer uma eleição presidencial. Além do presidente e do vice, os eleitores também renovarão a Câmara dos Representantes, pouco mais de um terço do Senado e também escolherão 11 novos governadores.
Obama chega ao dia decisivo como favorito em todas as pesquisas para chegar à Casa Branca. A dinâmica do processo eleitoral, porém, recomenda cautela. O voto nos EUA não é obrigatório - e o comparecimento maior de eleitores de um candidato pode alterar o resultado previsto nas pesquisas. Além disso, a eleição presidencial nos EUA é definida pelo Colégio Eleitoral e não pelo voto direto.
O colégio é formado por 538 representantes dos 50 Estados e da capital do país, Washington. O candidato que vencer o voto popular num Estado indica todos os representantes (cada um com um voto) desse Estado no colégio. Para ser eleito, o candidato precisa ter 270 votos - e os Estados mais populosos têm mais votos no colégio. Dessa forma, é possível que um candidato vença a eleição no Colégio Eleitoral, mas perca a apuração nacional.
Uma projeção com base em média de pesquisas feita pelo Real Clear Politics dá a Obama os 252 votos do Colégio Eleitoral dos 20 Estados que votaram pelo democrata John Kerry, em 2004. Para conquistar a presidência, Obama precisa de mais 18 votos e, se ganhar os 20 votos de Ohio ou os 27 votos da Flórida, a eleição estará encerrada - nos dois Estados, a disputa está acirrada. O mesmo estudo indica que o democrata estaria na frente em Nevada, Colorado, Novo México e Iowa - o que, somado aos Estados vencidos por Kerry, totalizariam 278 votos no Colégio Eleitoral.
Já McCain precisaria vencer em todos os 30 Estados que votaram no presidente George W. Bush em 2004 para ter uma chance na eleição. Desses, ele tem a liderança em apenas 17 - o que lhe dá 132 votos no Colégio Eleitoral. Para vencer, McCain ainda teria de conquistar outros dez Estados que ainda estão indecisos (o equivalente a 128 votos no Colégio Eleitoral) e "roubar" mais 10 votos de Obama.
Os resultados preliminares divulgados nesta terça após o encerramento da votação podem dar grandes pistas de qual será o resultado final. A direção a ser tomada - seja por uma vitória de Obama ou de McCain - ficará mais clara logo depois que as primeiras urnas começarem a fechar às 21h (horário de Brasília), em Indiana - Estado que vota nos republicanos desde 1964.
Uma grande vitória de Obama no Estado ou até mesmo uma luta acirrada por seus 11 votos no Colégio Eleitoral pavimentaria seu caminho para a Casa Branca. No entanto, uma vitória fácil de McCain pode ser um indício de problemas para o democrata. Uma média de pesquisas feita pelo site Real Clear Politics dá a McCain uma liderança apertada de 1,4 ponto (47,6% a 46,2%).
Juntamente com Indiana, o Estado de Kentucky também encerrará a votação no mesmo horário e deve servir como termômetro para o resultado da eleição no Senado. "Indiana oferece uma dica antecipada da corrida presidencial e Kentucky faz o mesmo pelo Senado", disse o diretor-assistente do centro de pesquisas da Universidade Quinnipiac, Peter Brown. "Nós vamos saber de duas coisas razoavelmente cedo: se temos uma vitória presidencial esmagadora e se os democratas têm chance de conseguir 60 cadeiras no Senado."
A eleição desta terça deve ter um comparecimento recorde e servirá como um teste do sistema de votação americano. Problemas como longas filas para votar e possibilidade de fraude eleitoral estão sendo acompanhados de perto pelas autoridades do país.
Obama lidera em 6 de 8 Estados-chave nos EUA
O democrata Barack Obama está à frente do republicano John McCain em seis dos oito Estados-chave na disputa pela Presidência dos Estados Unidos, incluindo Flórida e Ohio, segundo uma série de pesquisas Reuters/Zogby divulgadas nesta segunda-feira, 3, véspera do pleito.
Obama chega à eleição de terça-feira em uma posição confortável, enquanto McCain luta para ultrapassar Obama em todas as pesquisas nacionais e para manter-se competitivo em Estados em que o atual presidente George W. Bush venceu na eleição de 2004. Mas uma surpresa nas urnas não é descartada principalmente por causa do "fator racial": é possível que muitos americanos evitem dizer que não votarão em Obama porque ele é negro, mas, diante das urnas, acabem preferindo o rival.
As novas pesquisas estaduais mostraram Obama com 1 ponto percentual à frente no Missouri e 2 pontos na Flórida, com a margem de erro em 4,1 pontos percentuais. O democrata também lidera em Estados como Ohio, Virgínia e Nevada - todos Estados vencidos por Bush em 2004.Esses cinco Estados em que Obama está à frente respondem por 76 votos no colégio eleitoral. Se somados aos Estados conquistados pelo democrata John Kerry na eleição de 2004, eles dariam a Obama 328 votos no colégio eleitoral, bem mais do que os 270 necessários para chegar à Casa Branca.
Obama também tem 11 pontos percentuais de vantagem na Pensilvânia, onde McCain teria a maior chance de vencer em um Estado conquistado pelo candidato democrata há quatro anos. McCain está à frente do rival por 5 pontos em Indiana e por 1 ponto na Carolina do Norte, dois Estados em que Bush venceu em 2004. As pesquisas estaduais também foram realizadas entre quinta-feira e sábado com as amostras variando entre 600 e 605 prováveis eleitores. A margem de erro em todos os oito Estados é de 4,1 pontos percentuais.
Segundo as pesquisas, Obama está na frente em todos os Estados em que John Kerry venceu em 2004. Ele também tem a liderança em outros quatro Estados nos quais George W. Bush venceu: Iowa (54% a 38,7% , segundo o Real Clear Politics), Novo México (50,3% a 43%), Colorado (50,5% a 45,5%) e Nevada (49,3% a 43,5%).
Obama também tem vantagem de 7 pontos percentuais sobre McCain entre os prováveis eleitores em uma pesquisa nacional Reuters/C-SPAN/Zogby, 1 ponto percentual a mais do que o registrado no domingo. A pesquisa nacional, feita por telefone, tem margem de erro de 2,9 pontos percentuais. Obama tem 15 pontos de vantagem sobre os independentes e 13 pontos entre as mulheres, dois blocos cruciais de eleitores na eleição de terça-feira. McCain lidera Obama por 13 pontos, mas está apenas atraindo 25% dos hispânicos. Em 2004, Bush ficou com mais de 40% do apoio desse grupo. A pesquisa nacional foi realizada entre quinta-feira e sábado entre 1.205 prováveis eleitores.
Segundo a última pesquisa do jornal The Wall Street Journal e a da TV NBC, McCain reduziu a vantagem de seu rival para oito pontos, frente aos dez de uma semana atrás. Obama conta com apoio de 51% dos entrevistados que devem votar na terça-feira, contra 43% dos que preferem McCain, mostram os resultados da pesquisa, realizada neste fim de semana e publicada na edição desta segunda. Somente 6% continuam indecisos e, entre esses, apenas a terça parte poderá votar em um "terceiro candidato", como o independente Ralph Nader ou Bob Barr, do Partido Libertário.
O analista democrata Peter Hart, que participou da organização da enquete, disse ao jornal que "a pesquisa mostra que o eleitorado decidiu que Barack Obama será um bom presidente. As incertezas (a respeito) tão comuns no início do ano desapareceram". A pesquisa diz também que "os eleitores se identificam tanto com o histórico e os valores do senador Obama quanto com os do senador McCain, já que o democrata recuperou muito terreno neste sentido", ressalta The Wall Street Journal.
O periódico espera um alto nível de participação nas eleições presidenciais e legislativas de amanhã, já que a inscrição no censo eleitoral atingiu 73,5% de todas as pessoas com direito a voto - taxa mais alta desde 1920, quando as mulheres puderam votar pela primeira vez.
Segundo o site Real Clear Politics, que faz uma compilação de todos os levantamentos divulgados nos EUA, Obama tem uma vantagem de 6 pontos sobre McCain nas pesquisas nacionais. De acordo com o Washington Post, o democrata esteve na frente em todas as 159 pesquisas nacionais divulgadas nas últimas seis semanas, o que coloca seu rival, John McCain, numa das piores posições em que um republicano já esteve na reta final da corrida eleitoral. Num cenário como esse, a recuperação de McCain depende de sua capacidade de vencer nos redutos democratas onde a vantagem de Obama é pequena e, ao mesmo tempo, conseguir conter o avanço do rival em Estados que haviam votado por George W. Bush em 2004 e agora se inclinam pelo democrata.
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