Cientistas vêem semelhanças entre os sistemas de Sol e Epsilon Eridani.
Pesquisa detectou cinturões de asteróides e cometas ao redor da estrela.
Salvador Nogueira
Do G1, em São Paulo
Um jovem sistema planetário nas vizinhanças galácticas parece ser algo muito parecido com o que foi o Sistema Solar cerca de 4 bilhões de anos atrás. É o que sugere uma espécie de mapeamento do sistema, conduzido por um grupo americano de cientistas.
Concepção artística de planeta e cinturão de asteróides ao redor de Epsilon Eridani (Foto: Divulgação)
"Estudar Epsilon Eridani é como ter uma máquina do tempo para olhar para nosso próprio sistema planetário quando era pequeno", disse, em nota, Massimo Marengo, astrônomo do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica e co-autor da pesquisa, que será publicada em janeiro no periódico "The Astrophysical Journal".
Epsilon Eridani está apenas a 10,5 anos-luz de distância -- está em nono lugar, no ranking de proximidade com o Sistema Solar. Ela também é uma estrela bem mais jovem que o Sol, com 850 milhões de anos. Nosso astro-rei, para que se tenha uma idéia da diferença, tem quase 4,7 bilhões de anos de idade.
Já se sabia que havia um planeta gigante -- parecido com Júpiter -- ao redor de Epsilon Eridani. mas o que os cientistas conseguiram observar agora, graças à ajuda do Telescópio Espacial Spitzer, da Nasa, foi o conjunto completo de cinturões de asteróides ou objetos gelados que existem ao redor desse sistema planetário.
Os pesquisadores, liderados por Dana Backman, do Instituto Seti, concluíram que Epsilon Eridani possui dois cinturões de asteróides. O mais próximo da estrela se parece muito, em localização e porte, ao do cinturão que existe no Sistema Solar, entre Marte e Júpiter.
Mas um segundo cinturão, localizado mais ou menos onde, por aqui, está o planeta Urano, existe lá. A massa de todos os objetos nele contidos equivale mais ou menos à massa da nossa Lua.
E, finalmente, um terceiro cinturão, esse de objetos similares a cometas, existe na borda do sistema de Epsilon Eridani. Ele é parecido com o que no Sistema Solar nós chamamos de cinturão de Kuiper -- um reservatório de objetos gelados do qual Plutão faz parte. Só que, em Epsilon Eridani, esse reservatório é muito maior. Os cientistas especulam que seja por conta da tenra idade do sistema planetário -- com o tempo, muitos dos objetos devem "cair" para dentro do sistema, reduzindo a massa total do cinturão exterior.
Mas o mais interessante é que esses cinturões indicam a presença de planetas no sistema. Eles serviriam como "guardiões" dos cinturões, do mesmo modo que certas luas alimentam e protegem os anéis de Saturno.
"Planetas são a forma mais simples de explicar o que estamos vendo", diz Marengo.
Os cientistas postulam a existência de três planetas, com massas entre a de Júpiter e de Netuno, para explicar os cinturões. Um deles já havia sido descoberto; outros dois ainda aguardam confirmação. Como eles estariam mais afastados da estrela, detectá-los exigiria mais de dez anos de observações ininterruptas.
Isso coloca Epsilon Eridani como um sistema planetário dos mais interessantes -- possivelmente um laboratório de como foi o Sistema Solar na época em que a vida surgiu sobre a Terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário