Quantidade de gelo no Ártico 'despencou', diz estudo

Queda chegou a 49 centímetros em algumas áreas, segundo cientistas.

A espessura do gelo no Oceano Ártico "despencou" no último inverno, segundo uma pesquisa do University College de Londres. Os cientistas britânicos afirmam que a espessura do gelo no mar Ártico diminuiu até 49 centímetros em algumas regiões, segundo informações enviadas por satélite. De acordo com os pesquisadores, esses resultados fornecem a primeira prova definitiva de que o volume total do gelo no Ártico está diminuindo.

O gelo no mar do Ártico bateu o recorde negativo ao chegar ao se menor tamanho em 2007, quando sua área atingiu apenas 4,13 milhões de quilômetros quadrados. O recorde anterior era de 5,32 quilômetros quadrados, medidos em 2005. "A espessura do gelo estava constante nos últimos cinco invernos antes deste, mas despencou no inverno depois do mínimo (registrado) em 2007", afirmou uma das autoras da pesquisa, Katherine Giles, à BBC.

De acordo com dados coletados pelo Centro de Observação Polar do University College de Londres - parte do Centro Nacional da Grã-Bretanha para Observação da Terra - no último inverno o gelo tinha diminuído de espessura em uma média de 26 centímetros abaixo da média de invernos entre 2002 e 2008. As descobertas foram publicadas na revista especializada "Geophysical Research Letters"

Causas

Seymour Laxon, outro autor da pesquisa, afirmou que ainda não foram explicadas todas as causas deste problema. "A extensão pode mudar, pois o gelo pode ser redistribuído, aumentando a quantidade de água exposta. Mas isso não reduz a quantidade total de gelo", disse o cientista à BBC.

"Para determinar se a redução do gelo no mar é o resultado do gelo se acumulando contra a costa ou se é o resultado do derretimento, é preciso medir a espessura."

"Acredito que esta seja a primeira vez que podemos dizer, definitivamente, que o principal do volume total de gelo diminuiu. Então isto significa derretimento; não significa que o gelo tenha apenas sido empurrado para a costa", acrescentou.


Projeções


A pesquisadora Katherine Giles afirmou que, devido às condições climáticas difíceis no Ártico, outras formas de medir o gelo, como submarinos ou aeronaves, são limitadas.

"Estamos usando dados de satélite, o que significa uma cobertura em todo o Oceano Ártico (exceto no centro), e temos estes dados de forma contínua, portanto conseguimos boa cobertura em termos de tempo e área", afirmou.

Seymour Laxon acrescentou que as descobertas do projeto estão sendo usadas para ajudar a refinar as informações em projeções climáticas para o futuro. "A época em que o Oceano Ártico vai desaparecer é uma informação aberta ao debate. Cerca de cinco anos atrás a projeção média para o desaparecimento era por volta de 2080", afirmou.

"Mas os índices mínimos de gelo e esta prova de derretimento sugerem que devemos apoiar os modelos que sugerem que o gelo do mar vai desaparecer entre 2030 e 2040, mas ainda existe muita incerteza", acrescentou.

China pede 1% do PIB de ricos para ajudar pobres a reduzir emissões.
Proposta chinesa deve ser detalhada em reunião multilateral em breve.


A China espera que os países ricos destinem 1% do seu PIB para ajudar as nações em desenvolvimento a combater o aquecimento global e prometeu se empenhar na criação de um mecanismo internacional que promova tecnologias limpas. Ao apresentar as exigências nesta terça-feira, Gao Guangsheng, alto funcionário do governo encarregado de políticas climáticas, disse que a atual crise financeira global não deve impedir um aumento nas transferências de verbas e tecnologias para os países pobres.

"Os países em desenvolvimento devem agir, mas um pré-requisito para esta ação é que os países desenvolvidos forneçam fundos e transfiram tecnologia", disse Gao em entrevista coletiva. "O financiamento dos países desenvolvidos para apoiar a resposta dos países em desenvolvimento à mudança climática deveria alcançar 1% do PIB dos países desenvolvidos", disse Gao.

Segundo o funcionário, atualmente as verbas para a questão climática são "virtualmente nada". A China deve, de acordo com Gao, detalhar sua proposta na semana que vem, numa conferência com países ricos e pobres. Gao é o diretor do escritório de mudança climática da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, um superministério que trata da política econômica. Sua proposta pode indicar que a China busca um papel mais ativo nas negociações climáticas, abandonando sua habitual discrição.


Maior emissor

Segundo muitos especialistas, a China, com 1,3 bilhão de habitantes e uma economia muito próspera, já superou os EUA como maior emissor global de gases do efeito estufa.

Apesar disso, o Protocolo de Kyoto (tratado climático da ONU) não exige que a China e outros países em desenvolvimento adotem metas específicas para a redução das emissões, ao contrário do que ocorre com os países ricos.

Washington abandonou o Protocolo de Kyoto por discordar da falta de limites obrigatórios para a China e outros grandes países em desenvolvimento. Um novo tratado, a ser concluído em 2009 para entrar em vigor depois de 2012, deve estabelecer metas de redução também para os países em desenvolvimento.

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