G20 se compromete a usar "todos os instrumentos econômicos" para superar crise

O G20 financeiro, o grupo que reúne os principais países ricos e emergentes, comprometeu-se neste sábado a "utilizar todos os instrumentos econômicos e financeiros para assegurar a estabilidade e o bom funcionamento dos mercados financeiros", segundo comunicado final divulgado após a reunião do órgão, realizada em Washington.

A reunião contou com a presença do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que se sentou ao lado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que preside atualmente o G-20. A sua direita, estavam o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, e o presidente do Federal Reserve (o BC americano), Ben Bernanke.

Segundo Mantega, George W. Bush pediu participação aos presentes "para a solução da crise" financeira global, admitindo, no entanto, que a debacle "tem origem nos países avançados."

O G20 financeiro reúne os ministros de economia e os presidentes dos bancos centrais dos sete países com economias mais avançadas (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão) mais África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, México, Rússia e Turquia.

Reforma

O Brasil deseja que o G20 financeiro seja transformado para constituir-se em instância capaz de responder à crise, disse Mantega durante entrevista à imprensa. Ele atribuiu a crise que atinge o mercado mundial a erros graves em economias que tínhamos como modelo.

"A tese de que não haveria contágio foi superada; existem implicações fortes, influências (...). A crise também migra para os países emergentes. Estamos ante uma crise mundial que deve ser enfrentada por todos os governos, por todos os estados", afirmou o ministro brasileiro ao final de uma reunião do G 20 considerada histórica, na sede do FMI.

"O G20 não foi criado para enfrentar este tipo de situação", explicou Mantega.

Por isso, para uma coordenação das nações ricas e dos países emergentes, o Brasil propôs uma reforma que habilite o grupo a responder a crises financeiras mediante uma "ação mais coordenada" de forma que "os países emergentes sejam parte da solução", explicou.

O Brasil propõe, em particular, a criação de uma espécie de célula de gestão da crise da qual participariam os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do grupo.

Novas medidas do G7

Horas antes, os mesmos atores da reunião do G20 participaram da reunião do IMFC (Comitê Monetário e Financeiro Internacional, na sigla em inglês), principal órgão diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional). Nesta reunião, eles resolveram dar um apoio "enérgico" ao plano de ação contra a crise financeira internacional do G7 (Grupo dos Sete, que reúne os sete países mais ricos do mundo: Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Reino Unido, Itália e França).

"Os 185 membros estão comprometidos com o plano de ação" do G7, disse Youssef Boutros Ghali, ministro das Finanças do Egito e presidente do IMFC.

Do mesmo modo, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse esperar que os investidores "entendam" a importância do sinal enviado hoje pelos Governos de todo o mundo.

Em sua declaração, o IMFC também alertou que muitos países emergentes podem ser prejudicados pela crise e disse que o FMI está pronto para ajudá-los 'rapidamente' com empréstimos de emergência. "É fundamental que os países avançados e as economias emergentes coordenem ações conjuntas", afirma a nota.

O plano do G7 foi anunciado na noite de ontem, e é baseado em um "plano de ação" de cinco pontos para enfrentar a crise financeira internacional.

"O G7 concorda que a atual situação exige uma ação urgente e excepcional", destacou um comunicado do Tesouro dos Estados Unidos. "Nos comprometemos a prosseguir trabalhando juntos para estabilizar os mercados financeiros, restaurar o fluxo de crédito e apoiar o crescimento econômico global."

O G7 também se compromete a fazer o necessário para desbloquear o mercado de crédito hipotecário e destaca a necessidade de se conceder aos bancos a capacidade de elevar seu capital junto aos setores público e privado, visando a restabelecer a confiança.

Veja os cinco pontos:

1 - Adotar ações decisivas e utilizar todas as ferramentas disponíveis para apoiar as instituições financeiras importantes para o sistema e evitar sua falência.

2 - Dar todos os passos necessários para descongelar os mercados de crédito e câmbio e garantir que os bancos e outras instituições financeiras tenham amplo acesso à liquidez e fundos.

3 - Garantir que bancos e outros intermediários financeiros maiores possam, segundo sua necessidade, reunir capital de fontes públicas e privadas, em volumes suficientes para restabelecer a confiança e prosseguir com os empréstimos para famílias e negócios.

4 - Assegurar que os respectivos seguros nacionais de depósitos e programas de garantias sejam suficientemente robustos e consistentes para que os pequenos correntistas mantenham a confiança no sistema.

5 - Atuar, quando for apropriado, para reativar os mercados secundários para hipotecas (os mercados de compra de hipotecas por entidades financeiras).

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