Bolsas em NY passam a cair com pior dado na indústria dos EUA desde 1974


da Folha Online

Após abrirem em alta, animadas com o indicador de inflação referente a setembro divulgado hoje, as Bolsas americanas passaram mais uma vez a cair. O indicador de produção industrial foi o novo sinal de recessão que tornou a assustar os investidores; ontem, o Dow Jones caiu quase 8%, mesmo com as tentativas do governo de conter a crise no setor financeiro.

Às 11h46 (em Brasília), a Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês) estava em baixa de 2,46%, caindo para 8.376,16 pontos no Dow Jones (que abriu em alta de 1%), enquanto o S&P 500 caía 2,49%, indo para 885,27 pontos. A Bolsa Nasdaq operava em baixa de 2,11%, indo para 1.593,96 pontos.

A produção das fábricas, minas e unidades de serviços públicos dos Estados Unidos caiu 2,8% em setembro, a maior queda mensal desde dezembro de 1974, informou o Federal Reserve (Fed, o BC americano). Em um ano, a produção industrial caiu 4,5% e, no terceiro trimestre, diminuiu 0,6%. Segundo analistas, a previsão era de uma redução de 1,5% na produção industrial do mês passado.

A produção das fábricas, que representa quase 80% da atividade industrial, caiu 2,6%, e a utilização da capacidade instalada desceu de 78,7% em agosto para 76,4% em setembro.

Os dados negativos se somam aos já apresentados nos últimos dias. Ontem, o Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo tiveram queda de 1,2%, maior recuo em três anos. A retração das vendas foi puxada com a queda de 3,8% nas vendas de veículos. Excluindo o comércio de veículos, as vendas também apresentaram fragilidade, em queda de 0,6% --o dobro do esperado nesta comparação.

Também ontem, o Federal Reserve (Fed, o BC americano) divulgou o "Livro Bege" (documento com dados econômicos coletados nas 12 divisões regionais do Fed), atividade econômica nos Estados Unidos 'se debilitou em setembro'. Segundo o relatório, o gasto dos consumidores, que, nos EUA, equivale a mais de dois terços do PIB (Produto Interno Bruto), caiu em setembro na maioria dos distritos, tanto no comércio quanto nas vendas de veículos e no turismo.

O Departamento do Trabalho informou hoje que o CPI (Índice de Preços ao Consumidor) nos EUA ficou estável em setembro, refletindo os recuos nos preços de gasolina, roupas e carros novos. O dado foi recebido como sinal positivo, mas o número de novos pedidos de seguro-desemprego no país, mesmo tendo recuado na semana encerrada em 11 de outubro, continuam em níveis que indicam uma economia em recessão.

O departamento informou que os pedidos recuaram em 16 mil, para 461 mil; leituras acima de 400 mil, segundo analistas, indicam recessão.

O presidente do Fed, Ben Bernanke, disse ontem que a economia norte-americana vai se recuperar, porém lentamente. "Os problemas na economia e nos mercados são grandes e complexos (...) Mas a meu ver, nosso governo conta agora com as ferramentas necessárias para enfrentá-los e resolvê-los", afirmou.

O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, em um programa de TV, disse que a compra de ações de instituições bancárias por parte do governo estabilizará o sistema financeiro, mas advertiu que continuarão as dificuldades econômicas.

Duas pesquisas divulgadas ontem mostram a situação de preocupação nos EUA quanto aos riscos à economia. Uma, do banco Merrill Lynch, mostrou que a expectativa de que a economia global já esteja mergulhada em uma recessão teve um crescimento expressivo neste mês. A outra, do instituto Reuters/Zogby, mostrou que a crise financeira fez a confiança dos americanos nas instituições do país cair a um dos níveis mais baixos.

A pesquisa do Merrill Lynch, realizada entre os dias 3 e 9 deste mês mostrou que 70% dos entrevistados considera que a economia global já está em recessão, um aumento expressivo em relação ao dado visto na pesquisa feita em setembro, 44%. A pesquisa ouviu 172 gerentes financeiros no mundo todo, responsáveis pela administração de um total US$ 531 bilhões em fundos.

A pesquisa Reuters/Zogby por sua vez, caiu para 89,7 pontos, contra 96,3 em setembro, em uma escala de 100 pontos criada em julho de 2007. Acima desse patamar, o indicador representa aumento de confiança no país; abaixo dele, a confiança está em queda. O recorde de baixa na escala foi atingido em março deste ano, quando chegou a 87,7 pontos. O levantamento da Zogby foi realizado entre os dias 9 e 12 e ouviu 1.207 pessoas em entrevistas por telefone.

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